No dia em que na Europa se assinala o lançamento do ideal da integração europeia, deparei-me com uma notícia divulgada pela Associated Press segundo a qual um conjunto de médicos nigerianos acusa o laboratório farmacêutico americano (PFIZER) de ter utilizado crianças daquele país africano para a realização de testes a um novo medicamento. Aproveitando um surto de meningite que ocorreu naquele país em 1996, a empresa farmacêutica procedeu a ensaios de um medicamento – Trovan – do qual resultou a morte de cinco crianças e o desenvolvimento de sinais de artrite em muitos outros.
O próprio laboratório confirma a experimentação do medicamento, mas assegura que o governo nigeriano tinha conhecimento da situação e que o ensaio respeitou as normas em vigor naquele país.
Independentemente de uma potencial polémica em torno da forma como o governo nigeriano terá autorizado os testes, fica por esclarecer uma questão não menos importante: até onde podem as populações confiar na integridade e honorabilidade dos seus governos em matérias tão polémicas como esta?
O laboratório, que garante ter respeitado as normas nigerianas em vigor, omite deliberadamente a acusação de violação das normas internacionais, facto que justifica uma outra questão: até que ponto as normas nacionais (nesta e noutras matérias) são (intencionalmente ou não) mais permissivas que as internacionais?
Será que na União Europeia nunca veremos relatados casos idênticos e será esta capaz de impor regras apertadas à actuação de entidades como a PFIZER, dentro e fora dos seus limites territoriais? Quando tal se verificar teremos efectivamente criado uma união digna desse nome e com efectiva capacidade para influenciar positivamente os estados que a rodeiam.
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