quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

PASSOS SIGNIFICATIVOS NA AUTONOMIZAÇÃO EUROPEIA

Com o lançamento esta madrugada de uma nave Soyouz destinada a colocar em órbita o primeiro de dois satélites europeus geoestacionários para a realização de testes com vista ao posterior lançamento de uma rede de satélites, a Comunidade Europeia deu início a um novo programa técnico-científico. Este programa que recebeu o nome GALILEU, permitirá a entrada em funcionamento de um sistema europeu de localização por satélite, concorrente do americano GPS e do russo Glonass.

O satélite agora lançado do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, por intermédio de um foguetão russo da linha Soyouz, denominado GIOVE-A (acrónimo de “Galileo In Orbit Validation Element”), deverá permitir a instalação a prazo (o ano alvo é 2008) de um sistema de localização mais preciso que os actualmente existentes, mas sobretudo orientado para a utilização civil, já que os congéneres GPS e Glonass são projectos com menor grau de precisão e de âmbito militar, logo sujeitos a empastelamentos (distorção propositada do sinal) em períodos de crise político-militar.

Este projecto europeu congrega esforços da Comissão Europeia e da Agência Espacial Europeia está orçado em 3,8 mil milhões de euros e deverá, quando do seu funcionamento em pleno que se perspectiva para 2010, integrar uma rede de 30 satélites (27 operacionais e 3 de reserva) e passar a ser explorado por um consórcio de capitais mistos. Actualmente participam nele além dos países da Comunidade Europeia, outros como a China, Israel e Austrália.

Para além da importância científica de que se reveste o projecto (o satélite hoje colocado em órbita está equipado com o mais moderno e preciso relógio nuclear até hoje construído) é de destacar a sua relevância enquanto sistema alternativo - até pela sua vertente eminentemente comercial – aos sistemas de localização por satélite actualmente disponíveis, que apresentam as limitações já referidas.

Não menos importante é o facto do projecto GALILEU constituir uma plataforma de investigação numa área onde até agora os Estados Unidos da América têm dominado e que congrega esforços de várias nações (europeias e de outros continentes). Por exemplo neste momento é a Rússia que está a assegurar o transporte e colocação em órbita dos satélites e encontra-se em negociação a utilização da sua experiência com o seu sistema Glonass.

Com fortes implicações na actividade comercial, nomeadamente no campo da gestão de tráfego aéreo, marítimo e, num futuro próximo, automóvel, a Europa está a caminhar a passos seguros para a independência num domínio particularmente estratégico.

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