sábado, 24 de novembro de 2012

O BOM CAMINHO


Ouça-se os membros do governo de Passos Coelho falarem sobre a situação do País e ficar-se-á com a ideia que, contra ventos e marés, o «Programa português “continua no bom caminho”»; sobre os reais problemas duma economia onde o «PIB português cai 3,4% e agrava queda desde o início da crise» e sobre o facto de se saber que os «Salários em atraso mais que duplicaram até Setembro», pouco ou nada adiantam as figuras que afirmam conduzir os destinos do País.


Já não restam dúvidas que o abismo que se abre aos pés dos cidadãos é uma realidade cada vez mais perceptível e nem as já gastas declarações de apoio ao Estado Social (regularmente desmentidas pela prática e pelo anúncio de sucessivas medidas restritivas  parecem capazes de atenuar o sentimento de desânimo que invade a esmagadora maioria dos portugueses.

Sentimento que ainda se agrava mais quando se observa o comportamento das instituições (partidos políticos) que supostamente representam e defendem os interesses das populações. Sem idealismos bacocos, nem outras ilusões, como interpretar a manchete do DN de 20 de Novembro que afirma que «CDS PROPÔS AO PSD CORTES QUE CHUMBOU AO BLOCO»?

Com os partidos responsáveis pela governação a assumirem comportamentos deste jaez, ainda será estranho o descrédito que de gozam junto das camadas mais jovens da população? Será igualmente estranho que os mais jovens constituam o núcleo que tem engrossado os movimentos inorgânicos que mais claramente têm dado voz ao sentimento de revolta e indignação?

Duvido que o caminho mais adequado passe pela manifestação de jovens de rostos escondidos, tanto mais quanto as suas razões são fundadas e comuns à generalidade dos cidadãos, e tudo devemos fazer para que aqueles que assim se manifestam entendam que os problemas (e as crises) se enfrentarão bem melhor com ideias estruturadas e propostas consistentes, mas sempre de cabeça erguida e descoberta porque quem de vergonha a devia cobrir eram os que se anunciam como detentores da verdade absoluta e senhores da solução única.

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