Ouça-se os
membros do governo de Passos Coelho falarem sobre a situação do País e
ficar-se-á com a ideia que, contra ventos e marés, o «Programa
português “continua no bom caminho”»; sobre os reais problemas duma
economia onde o «PIB
português cai 3,4% e agrava queda desde o início da crise» e sobre o facto
de se saber que os «Salários
em atraso mais que duplicaram até Setembro», pouco ou nada adiantam as
figuras que afirmam conduzir os destinos do País.
Já não restam
dúvidas que o abismo que se abre aos pés dos cidadãos é uma realidade cada vez
mais perceptível e nem as já gastas declarações de apoio ao Estado Social
(regularmente desmentidas pela prática e pelo anúncio de sucessivas medidas restritivas parecem capazes de atenuar o sentimento de desânimo que invade a
esmagadora maioria dos portugueses.
Sentimento que
ainda se agrava mais quando se observa o comportamento das instituições
(partidos políticos) que supostamente representam e defendem os interesses das
populações. Sem idealismos bacocos, nem outras ilusões, como interpretar a
manchete do DN de 20 de Novembro que afirma que «CDS PROPÔS AO PSD CORTES QUE
CHUMBOU AO BLOCO»?
Com os
partidos responsáveis pela governação a assumirem comportamentos deste jaez,
ainda será estranho o descrédito que de gozam junto das camadas mais jovens da
população? Será igualmente estranho que os mais jovens constituam o núcleo que
tem engrossado os movimentos inorgânicos que mais claramente têm dado voz ao
sentimento de revolta e indignação?
Duvido que o
caminho mais adequado passe pela manifestação de jovens de rostos escondidos,
tanto mais quanto as suas razões são fundadas e comuns à generalidade dos
cidadãos, e tudo devemos fazer para que aqueles que assim se manifestam
entendam que os problemas (e as crises) se enfrentarão bem melhor com ideias
estruturadas e propostas consistentes, mas sempre de cabeça erguida e
descoberta porque quem de vergonha a devia cobrir eram os que se anunciam como detentores
da verdade absoluta e senhores da solução única.
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