Assinala-se
hoje mais um aniversário, o décimo primeiro, sobre o atentado de Nova York que
os americanos prontamente atribuíram aos radicais islâmicos da Al-Qaeda e que
serviu para justificar as invasões do Afeganistão e do Iraque.
Como se tornou
hábito, não têm por estes dias faltado na imprensa nacional e estrangeira
reminiscências e evocações sobre os acontecimentos, embora continue por
explicar cabalmente o que de facto aconteceu e quem nele esteve (ou não)
envolvido.

Incrível ou
não, a principal democracia planetária continua sem produzir uma explicação que
não insulte a inteligência dos seus ouvintes; mas não é sobre isso que hoje me
proponho reflectir[1],
antes sobre dois artigos/notícias que duma forma ou doutra remetem para
consequências do 11 de Setembro. Um, assinado por Maria João Tomás, foi
publicado há dias no DN sob o sugestivo título
de «A
ASCENSÃO DOS SALAFITAS, 11 ANOS APÓS O 11 DE SETEMBRO» e levanta a
interessante questão do actual sucesso do movimento religioso (salafismo) que
esteve na origem da Al-Qaeda; o outro encontrei-o na página internet ALTER INFO, sob o título «AUX
USA ON A DÉJÀ PRÉVU UN MOYEN ORIENT SANS ISRAEL», cuja tradução aqui deixo
por constituir uma importante peça jornalística sobre as relações de Israel com
o Médio Oriente e o seu fundamental aliado, os EUA:
«Nos EUA já se previu um Médio Oriente sem
Israel
Enquanto
Paris, Londres e Berlim tomam estupidamente os seus desejos como realidade e
planificam uma Síria pós-Assad, em Washington já se começou a antever o depois
de Israel, num relatório intitulado "Preparing For A Post Israel Middle
East" (Preparando-se para um Oriente Médio Pós Israel). Esta análise em 82
páginas, foi realizada a pedido da comunidade de informações dos EUA que
consiste em nada menos que 16 agências cujo orçamento anual superior a 70 mil
milhões de dólares. O que demonstra que o desaparecimento do regime
judeu-sionista está a ser seriamente ponderado em Washington e não apenas em
Teerão.
Este
documento "Preparing For A Post Israel Middle East", concluiu que os interesses
nacionais dos EUA e de Israel diferem profundamente. Os autores do relatório
afirmam que Israel é actualmente a maior ameaça aos interesses nacionais dos
Estados Unidos porque a sua natureza e as suas acções impedem relações normais
entre os Estados Unidos e os países árabes e muçulmanos, e de forma crescente
com a comunidade internacional. Este estudo foi realizado a pedido da
comunidade de informações dos EUA que inclui 16 agências com um orçamento anual
de 70 mil milhões de dólares. A comunidade de informações inclui os
Departamentos da Marinha, do Exército, e da Força Aérea, o corpo de fuzileiros,
a Guarda Costeira, o Departamento de Defesa e as agências de informações, os departamentos
de Energia, Segurança Interna, do Tesouro, a agência anti-drogas, o FBI, a
Agência de Segurança Nacional, a agência de informações geo-especial, a agência
de reconhecimento nacional e a CIA.
Entre
as conclusões deste relatório contam-se:
· Israel,
dada a sua beligerância e a ocupação brutal, não pode ser salvo, como o não
pode o regime do apartheid na África do Sul, mesmo quando Israel foi o único
país "Ocidental " a manter relações diplomáticas com a África do Sul
e o último país a aderir ao boicote antes do regime entrar em colapso em 1987.
·
A
liderança israelita está cada vez mais afastada das realidades políticas, militares
e económicas do Médio Oriente ao aumentar o seu apoio aos 700.000 colonos
ilegais que vivem na Cisjordânia ocupada.
·
A
coligação de governo pós-trabalhista do Likud, cúmplice e fortemente influenciada
pelo poder político e financeiro dos colonos, irá enfrentar mais e mais manifestações
civis internas, situação com a qual o governo dos Estados Unidos não se deve
envolver.
· A
Primavera Árabe e o despertar islâmico lançou em grande medida muitos dos 1,2
mil milhões de muçulmanos e árabes a lutar contra o que uma larga maioria
considera uma ilegal imoral e insustentável ocupação europeia da Palestina e da
população indígena.
· O
poder árabe e muçulmano que se expande rapidamente na região, como é evidenciado
pela Primavera Árabe, o despertar islâmico e a ascensão do Irão, ocorre simultaneamente
– ainda que pré-existente – com o declínio do poder e da influência
norte-americana e apoio dos Estados Unidos a um Israel belicoso e opressivo
torna-se impossível de defender ou implementar, face aos interesses nacionais
dos Estados Unidos, incluindo a normalização das relações com 57 países
islâmicos.
· A
massiva interferência israelita nos assuntos internos dos Estados Unidos por meios
de espionagem e de transferências ilegais de armas e que inclui o apoio a mais
de 60 organizações "maiores" e a cerca de 7.500 funcionários
americanos que obedecem às ordens de Israel e tentam intimidar a impresna e
organizações do governo dos EUA, e não deve ser tolerada.
· O
Governo dos Estados Unidos já não têm os recursos financeiros nem apoio popular
para continuar a financiar Israel. Já não é possível aumentar os mais de 3 biliões
de dólares de dinheiro dos contribuintes, directa e indirectamente pagos a
Israel desde 1967, quando aqueles já não apoiam o envolvimento militar dos EUA
no Médio Oriente. O público americano já não apoia o financiamento e as guerras
dos EUA amplamente entendidas como ilegais e em nome de Israel. Esta visão é
cada vez mais comum na Europa, na Ásia e na generalidade da opinião pública
internacional.
· As
infra-estruturas de ocupação segregacionista de Israel são a prova de
discriminação legalizada e de sistemas de justiça cada vez mais distintos e
desiguais, que não devem ser directa ou indirectamente financiados pelos
contribuintes norte-americanos ou ignorados pelos governos dos Estados Unidos
Estados.
· Israel
falhou como o Estado democrático proclamado e o apoio financeiro e político dos
EUA não vai mudar a sua deriva como um estado pária internacional.
· Apoiados
pelo governo de Israel, que se tornou seu protector e parceiro, os colonos
judeus manifestam um racismo cada vez mais violento desenfreado na Cisjordânia.
· É
cada vez maior o número de judeus americanos que são contra o sionismo e as
práticas israelitas, incluindo assassinatos e brutalidade contra os palestinos
que vivem sob ocupação, vendo-os como uma violação flagrante do direito americano
e internacional e levantando questões no seio da comunidade judaica americana
tendo em conta a responsabilidade de proteger os civis inocentes que vivem sob
ocupação.
· Oposição
internacional a um regime cada vez mais separatista sustenta-se na defesa dos
valores humanitários americanos ou no âmbito das relações bilaterais dos
Estados Unidos com 193 países membros da ONU.
O
relatório conclui com a recomendação de evitar alianças estreitas a que se opõe
a maioria do mundo e que condenam os cidadãos americanos a arcar com as consequências.
Obviamente
Israel apressar-se-á a denunciar o relatório cuja publicação está para breve e colocar
pressão sobre os dois candidatos na eleição presidencial americana, Obama e
Romney, para ver qual dos dois minimizará mais aquelas conclusões, ou prometerá
o arquivá-lo e aumentar a ajuda financeira e militar à entidade colonial
judaico-sionista que será o coveiro do Império Americano.
Mireille Delamarre»
e por
proporcionar uma outra visão do pós 11 de Setembro de 2001, num mundo onde as
cicatrizes continuam abertas e quando poderemos vir a assistir a uma completa
invesão duma realidade que se insiste em dar por garantida.