sábado, 29 de setembro de 2012

CONTRA OS MANDÕES, MANIFESTAR! MANIFESTAR!


Antecipando novas manifestações de contestação, Passos Coelho parece ter optado por uma estratégia de escalada na confrontação que o opõe aos cidadãos cujos destinos foi encarregue de governar, mas que cada vez mais trata como descartáveis.


Talvez sentindo-se respaldado pelo apoio de Belém e pela reconquistada fidelidade do parceiro Paulo Portas, depois do já desgastado discurso do “andámos a viver acima das nossa posses” – com o qual, apesar dos resultados práticos a demonstrarem desastrosa, ainda vão tentando justificar a política da “austeridade expansionista” – eis que somos agora mimoseados com a última pérola do dislate; na linha das declarações proferidas no início do mês pelos representantes do FMI, Comissão Europeia e BCE deixando claro que a «“Troika” culpa governo português por falhanço do programa» de que foram autores, é natural que agora o “bom aluno” Passos Coelho descarte as suas responsabilidades em ombros alheios e afirme que «“Se isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal depende muito da nossa vontade colectiva”».

O clamor dos protestos e a contínua contestação e enxovalho a que os diferentes membros do Governo são regularmente sujeitos continuam sem receber destes a correcta interpretação e, a julgar pelos antecedentes, nem mesmo quando se ouve dizer do interior do PSD que «"Um dia destes os portugueses não terão paciência para ver a cara de Passos"» (como se essa não fosse já uma realidade), fará Passos Coelho afastar-se duma estratégia autista à realidade e insensível à faceta social que o acto de governar exige.

Entre omissões, meias verdades e mentiras, depois do completo “flop” político que foi a proposta de alteração da TSU, o Passos Coelho e Vítor Gaspar continuam a fugir duma explicação completa sobre as alternativas, enquanto Paulo Portas finge não perceber a nova vaga de aumentos nos impostos. Usando a estratégia de referir uma medida aqui, um aumento ali ou sugerir um corte acolá, ao sabor dos ventos e da audiência do momento mas sem nunca demonstrar uma coerência e uma fundamentação aceitável, esperará sobreviver ao temporal político que desencadeou escondendo-se atrás dos habituais “opinion makers” e do espantalho da crise política (que importa que o Governo aplique descaradamente um programa diferente daquele que submeteu a sufrágio), quiçá disfarçado numa remodelação que enxote as figuras mais controversas para que tudo possa continuar na mesma…

Aos que começaram por ser apelidados de piegas, aos que depois foi aconselhado o abandono da zona de conforto e recomendado que emigrassem, a todos os que se têm sentido insultados pelo arrivismo e pela demagogia de quem nos governa, até aos que da dignidade já se vêem esbulhados, resta proceder como recomenda o verso de Henrique Lopes de Mendonça e contra os mandões, manifestar! manifestar!

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