Antecipando
novas manifestações de contestação, Passos Coelho parece ter optado por uma
estratégia de escalada na confrontação que o opõe aos cidadãos cujos destinos
foi encarregue de governar, mas que cada vez mais trata como descartáveis.
Talvez
sentindo-se respaldado pelo apoio de Belém e pela reconquistada fidelidade do
parceiro Paulo Portas, depois do já desgastado discurso do “andámos a viver
acima das nossa posses” – com o qual, apesar dos resultados práticos a
demonstrarem desastrosa, ainda vão tentando justificar a política da
“austeridade expansionista” – eis que somos agora mimoseados com a última
pérola do dislate; na linha das declarações proferidas no início do mês pelos representantes do FMI, Comissão Europeia e BCE deixando claro que a «“Troika”
culpa governo português por falhanço do programa» de que foram autores, é
natural que agora o “bom aluno” Passos Coelho descarte as suas
responsabilidades em ombros alheios e afirme que «“Se
isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal depende muito da nossa vontade
colectiva”».
O clamor dos
protestos e a contínua contestação e enxovalho a que os diferentes membros do
Governo são regularmente sujeitos continuam sem receber destes a correcta
interpretação e, a julgar pelos antecedentes, nem mesmo quando se ouve dizer do
interior do PSD que «"Um dia destes os portugueses
não terão paciência para ver a cara de Passos"» (como
se essa não fosse já uma realidade), fará Passos Coelho afastar-se duma
estratégia autista à realidade e insensível à faceta social que o acto de
governar exige.
Entre
omissões, meias verdades e mentiras, depois do completo “flop” político que foi a proposta de alteração da TSU, o Passos
Coelho e Vítor Gaspar continuam a fugir duma explicação completa sobre as
alternativas, enquanto Paulo Portas finge não perceber a nova vaga de aumentos
nos impostos. Usando a estratégia de referir uma medida aqui, um aumento ali ou
sugerir um corte acolá, ao sabor dos ventos e da audiência do momento mas sem
nunca demonstrar uma coerência e uma fundamentação aceitável, esperará
sobreviver ao temporal político que desencadeou escondendo-se atrás dos
habituais “opinion makers” e do
espantalho da crise política (que importa que o Governo aplique descaradamente
um programa diferente daquele que submeteu a sufrágio), quiçá disfarçado numa
remodelação que enxote as figuras mais controversas para que tudo possa
continuar na mesma…
Aos
que começaram por ser apelidados de piegas, aos que depois foi aconselhado o
abandono da zona de conforto e recomendado que emigrassem, a todos os que se
têm sentido insultados pelo arrivismo e pela demagogia de quem nos governa, até
aos que da dignidade já se vêem esbulhados, resta proceder como recomenda o
verso de Henrique Lopes de Mendonça e contra os mandões, manifestar!
manifestar!
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