Sem me querer substituir àquelas figuras de alto coturno, nacionais e estrangeiras, que nesta data estarão a difundir as habituais “mensagens” e que no geral não passam de balanços espúrios e de compromissos vazios, propunha-me simplesmente assinalar o início de mais um ano de calendário, porém nem sequer foi preciso esperar muito tempo para confirmarmos que o velho aforismo “ano novo, vida nova” não tem a mínima aplicação prática entre nós, pois rapidamente os políticos nacionais (com o Presidente da República à cabeça) vieram-no lembrá-lo.
Estou, como é óbvio, a referir-me à tradicional mensagem presidencial de ano novo que se para alguns analistas e comentadores (veja-se a opinião de José Adelino Maltez no JORNAL DE NOTÍCIAS) representa um discurso inédito, continuou a servir à classe política (e em especial aos partidos do centrão) para nele verem pontos de concordância com as suas posições mais recentes; por outras palavras, a novidade do ano é igual à “velhidade” de 2009.
O que me levou então a preferir abrir o ano com mais um discurso de Cavaco Silva e não, por exemplo, com o muito noticiado grande sucesso da bolsa de valores nacional que terminou o ano com ganhos acima dos 34%[1]?
Fundamentalmente porque se me afigura mais do que necessário desmistificar a ideia prontamente difundida pela imprensa de que o discurso presidencial constitui uma iniciativa (importante) para promover um processo de concertação político-partidário conducente à resolução dos “problemas nacionais”.
É certo que a páginas tantas Cavaco Silva considerou «…absolutamente desejável que os partidos políticos desenvolvessem uma negociação séria e chegassem a um entendimento sobre um plano credível para o médio prazo, de modo a colocar o défice do sector público e a dívida pública numa trajectória de sustentabilidade», mas se a sua verdadeira preocupação fosse a necessidade de uma política estruturada para o combate à crise e sustentada numa ampla base de apoio parlamentar, nunca teria aceitado empossar um governo minoritário[2] e desde logo teria dado um claro sinal do verdadeiro sentido do interesse nacional.
Mas, nesta oportunidade como noutras anteriores, voltaremos a assistir à repetição dos mesmos velhos e gastos argumentos de parte a parte. O centrão voltará a sobrepor os seus interesses particulares (o poder) sobre o interesse geral, enquanto alegremente continuaremos a viver e a conviver com o desemprego crescente, a corrupção instalada, a ineficácia do sistema judicial e a ver as restante economias europeias mais ou menos a crescerem, enquanto os nossos dirigentes, demasiado ocupados com os seus problemas pessoais e partidários continuarão a assobiar para o lado face aos problemas que a todos nos afectam.
Assim, eu que recuso assumir o papel do optimista "cego", e atendendo a uma conjuntura que não está particularmente favorável proponho-me animar um pouco esta data e porque as notas de banco - ou melhor as linhas de transferências financeiras - têm estado reservadas aos banqueiros, aqui deixo uma simples nota de humor:
e não resisto a terminar com uma das melhores frases do saudoso humorista Raul Solnado:
FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES!
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[1] Sobre o assunto ver esta notícia do PUBLICO.
[2] As motivações já as analisei no “post” «TODOS GANHARAM…», na sequência das últimas eleições legislativas.
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