quarta-feira, 11 de novembro de 2009

IMAGENS FATAIS

A avaliar pelas múltiplas notícias que nos últimos dias têm referido a famigerada questão da produtividade nacional restará alguma dúvida a alguém que estamos a entrar naquela delicada fase do ano em que patronato e sindicatos negoceiam os aumentos salariais?

É que para os que o duvidem, a AIP (Associação Industrial Portuguesa) acabou de publicar o seu Relatório da Competitividade 2009 e, como não podia deixar de ser a conclusão que o ECONÓMICO de pronto deu à estampa foi a que os «Portugueses produzem menos 30%que os europeus», confirmando, se preciso fosse, as declarações de Silva Lopes de que «Os aumentos de salários são fábricas de desemprego», citadas há dias pelo JORNAL DE NEGÓCIOS. Na cerimónia de apresentação do relatório da AIP, o seu presidente, Rocha de Matos, não perdeu a oportunidade de referir aquele que apontou como «…o indicador mais crítico e que nos envergonha…», uma «…produtividade que apresenta um valor de 70,8% da média da UE em 2008»[1].

Podia retomar aqui algumas das observações que já produzi sobre esta matéria[2], mas julgo muito mais útil e bem revelador do que tenho afirmado a visualização das imagens com que o canal público de televisão fez acompanhar a peça que hoje dedicou ao assunto[3]. Mais do que qualquer argumentação ou até tentativa de explicação do sofisma, bastou ver as imagens das mulheres que cortavam à tesoura a cabeça das sardinhas que usavam para encher manualmente as latas de conserva para todos ficarmos com uma claríssima imagem da origem da baixa produtividade dos trabalhadores portugueses.

Palavras para quê… os ditos empresários portugueses continuam a não passar de artistas de fraca categoria que esperam todo o tipo de apoios, auxílios e investimentos do Estado (veja-se o conteúdo da página 9 do referido Relatório da Competitividade) que lhes assegure o funcionamento das empresas (as tristes empresas) nas quais se recusam a investir os seus capitais pessoais para as dotarem de meios tecnológicos adequados aos tempos actuais e que nos possibilitem a todos alcançarmos a produtividade consentânea.
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[1] As citações foram extraídas do discurso de Rocha de Matos que pode ser lido aqui.
[2] Entre as mais recentes recordo os “posts” intitulados «LIÇÕES DAGRANDE DEPRESSÃO» e «CANTOS NOVOS, RUMOS VELHOS», mas principalmente um mais antigo intitulado «SOBRE A PRODUTIVIDADE».

[3] Veja aqui o vídeo da notícia.

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