Assim, o mesmo jornal PUBLICO que difundiu aquele esclarecimento escreve também que «Reacções alérgicas graves forçam retirada de lote de vacinas no Canadá» enquanto vai dizendo que « Vacina contra gripe A encomendada por Portugal divide autoridades suíças», deixando os seus leitores tanto mais confusos quanto é dado estatístico que «Portugal já registou pelo menos 14 mortes por gripe A», número que se encontra, felizmente, muitíssimo longe dos milhares de mortos estimados com base nos avisos e nas declarações de pandemia da OMS.
Tudo isto apenas reforça a ideia de que toda a agitação em torno da pandemia deverá ter outros interesses que não apenas o da protecção dos cidadãos e pior, constitui uma prova cabal da reduzida credibilidade que as populações atribuem aos organismos e às entidades públicas que é suposto zelarem pela sua segurança.
Se a cada vez mais evidente subordinação do interesse público aos interesses privados (de que o caso da rede de subornos montada por um empresário do sector do tratamento de resíduos junto de responsáveis de empresas públicas é apenas o que mais recentemente chegou ao conhecimento público) e a aparente facilidade e impunidade de que gozam os responsáveis pela gestão da coisa pública é outro importante factor para a ampliação de todo o tipo de suspeitas e desconfianças relativamente às mais inócuas decisões, que esperar de situações como a da decisão de iniciar um processo de vacinação ao qual muitos dos técnicos de saúde levantam sérias dúvidas?
Queira-se ou não, estas parecem cada vez mais fundadas pois não só a famigerada epidemia tarda em assumir a dimensão vaticinada pelos organismos oficiais e a época invernosa no hemisfério Sul decorreu sem que tal fenómeno por lá se tivesse verificado, como as opções tomadas pelos organismos de diferentes países (de que é excelente exemplo a notícia do JORNAL DE NOTÍCIAS que diz que para as grávidas foi escolhida uma «Vacina diferente em Espanha») não contribuem minimamente para tranquilizar ninguém.
Neste capítulo da aparente contradição destaque-se o teor dos últimos comunicados do INFARMED, que no mesmo dia em que anunciou as conclusões da análise efectuada pela Agência Europeia do Medicamento aos «...dados mais recentes sobre as vacinas contra a gripe pandémica H1N1, aprovadas por aquela agência (Celvapan, Focetria e Pandemrix)», segundo a qual foi «...reportado um pequeno número de casos de síndroma de Guillain-Barré e de morte fetal em pessoas previamente vacinadas com a vacina pandémica. Embora a EMEA continue a avaliar a toda a informação relevante, a avaliação efectuada continua a não evidenciar ligação entre estes casos e a administração da vacina», dava conta noutro comunicado que por mera «...medida de precaução e zelo da saúde pública» ordenou a suspensão imediata de venda de alguns lotes do medicamento BEN-U-RON Xarope (paracetamol) por apresentarem «...uma alteração da tonalidade da cor respectiva...». Note-se que os óbitos e os casos ocorridos de reacções adversas à vacina contra o H1N1 são anunciados como não relevantes, mas perante uma ligeira alteração da cor dum medicamento (que por acaso é o mais utilizado nas prescrições para o tratamento de síndromas gripais) e sem que se tenha registado qualquer caso de reacção adversa, aquele organismo não hesitou na determinação da suspensão da venda.
Este aparente desnorte (ou pelo menos um evidente descontrolo), repete-se quando lemos notícias como esta: «Hospital de Guimarães lotado com suspeitas de gripe A», do CORREIO DA MANHÃ, ou esta; «Horas de espera na sala de isolamento de Guimarães» do JORNAL DE NOTÍCIAS, que poderão ser reveladoras do estado de pandemónio (tanto mais que um dos seus directores declarou aos microfones de um canal televisivo que teria havido uma situação de redução do quadro de pessoal nas urgências e algum exagero nas reacções) mas dificilmente comprovarão a existência da tão almejada pandemia.
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