Phillip J Berg, um antigo procurador do estado da Pennsylvania, intentou a acção em nome de um trabalhador do World Trade Center, que alega ter ouvido explosões anteriores ao impacto das aeronaves contra as torres, na qual acusa George W Bush e outros de conspiração e associação criminosa. Recorrendo a uma figura legal do sistema judicial americano (RICO lawsuit)[1] aquele advogado pretende ver explicadas várias lacunas da tese oficial, como sejam as razões para o colapso das torres, que aeronave atingiu o Pentágono e o que efectivamente terá acontecido ao voo 93 da United Airlines.
A informação sobre o desenrolar da acção é tão contraditória quão polémica é a matéria em julgamento. Assim, após a apresentação da acção no estado da Pennsylvania, em 2004, esta seria transferida para um tribunal do estado de New York, em 2005, e em 2006 alguns dos 156 arguidos foram excluídos pelo tribunal e o tribunal pediu informação adicional ao peticionário que este não terá produzido, mas a AMERICAN FREE PRESS publicou há dias uma notícia na qual dá conta do prosseguimento da acção e da intenção do promotor em a divulgar em várias capitais da Europa.
Muito embora Phillip J Berg seja uma figura notoriamente controversa no meio judicial norte-americano – entre os seus vários feitos conta-se o pedido de suspensão de actividade dos juízes do Supremo Tribunal, Sandra Day O'Connor, Antonin Scalia e Clarence Thomas, envolvidos no processo Bush versus Gore[2] que ditou a nomeação de George W Bush para a Casa Branca, e mais recentemente uma acção contra Barack Obama alegando a sua inelegibilidade para a Casa Branca baseada no facto deste ter nascido no Quénia – os factos relatados merecem atenção enquanto sinal claro das muitas dúvidas que ainda envolvem o 11 de Setembro e que os seus protagonistas nem sempre são “outsiders” da sociedade (como pretende o Dr. Patrick Leman, psicólogo da Royal Holloway University, de Londres), comunistas (como prontamente acusam os neoconservadores e seus apaniguados) ou lunáticos (como se expressa a “vox populi”).
Por muito que se esforce a actual administração norte-americana – que decidiu designar ascomemorações deste ano como o National Day of Service and Remembrance e apelar aos cidadãos que usem o dia para a prestação de serviços comunitários – e as suas vindouras, as dúvidas dificilmente desaparecerão sem uma apresentação clara de provas que definitivamente expliquem coisas tão simples como a afirmação que um avião comercial penetrou o espaço aéreo do Pentágono, iludindo os sistemas electrónicos de detecção e eliminação de intrusos com que o edifício está equipado, embateu contra uma das suas fachadas depois de ter voado várias centenas de metros em voo rasante ao solo e dos destroços resultantes poucas são as evidências de uma aeronave com cerca de 40 m de envergadura e mais de 100 toneladas de peso.
É que, constatada uma falha na versão oficial e levantada a hipótese de algum tipo de encobrimento ou de uso em benefício próprio, de pronto se avolumam as dúvidas relativamente a tudo o resto, o que até não constituirá novidade (veja-se o célebre caso Irão-Contras[3]) num país onde as derivas autocráticas não são caso raro.
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[1] O RICO lawsuit, anagrama de Racketeer Influenced and Corrupt Organizations Act, é um tipo de processo legal baseado em legislação criada para o combate ao crime organizado (racketeer) e apresenta como característica interessante o facto de poderem ser utilizados como matéria probatória acontecimentos muito anteriores e posteriores aos factos julgados.
[2] Este processo, pela sua dimensão política e pelas repercussões que teve continua passados vários anos envolvido em aberta polémica. Entre os muitos textos e opiniões que podem ser encontrados na Net, deixo aqui a referência a dois deles pela relevância e pelas diferenças de datas. O primeiro «None Dare Call It Treason», foi publicado na revista THE NATION em 2001, e o segundo «Has Bush v. Gore Become the Case That Must Not Be Named?», foi publicado em 2006 no NEW YORK TIMES.
[3] Também conhecido como "Iran-gate", foi um escândalo de corrupção denunciado pela imprensa norte-americana, durante o segundo mandato do presidente Ronald Reagan, no qual figuras de topo da CIA facilitaram o tráfico de armas para o Irão (então sujeito a um embargo internacional de armamento), como duplo objectivo de obter a libertação de reféns e para financiar os Contras (movimento que na Nicarágua se opunha ao recentemente eleito governo sandinista).
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