sábado, 14 de julho de 2007

BASTILHAS DE ENTÃO E DE AGORA

Dia Nacional em França, instituído em 1880 e que comemora a tomada da Bastilha pelos parisienses em 1789, o início da Revolução Francesa e o fim do “Ancien Régime”.
Importante pelo lançamento de uma nova ordem, personificada na divisa “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” e pelo relançamento da França na cena política internacional, trata-se de uma data a assinalar na História do Progresso dos Povos e pode muito bem tornar-se novamente mais relevante agora que a França dispõe de um novo presidente – Nicolas Sarkozy – de quem alguns esperam que personifique um aumento da influência francesa na EU.

Muitas vezes comparado a um novo Napoleão[1] (em especial pelos seus seguidores mais fiéis), Sarkozy poderá ser capaz do melhor e do pior, pelo menos a avaliar pelo seu percurso político, não isento de “casos”, e pela sua passagem pelo governo de Villepin.

Posição mais prudente, ou realista, têm outros que preferem compará-lo ao sobrinho do grande imperador (Napoleão III[2]) que não constituiu mais que uma pálida sombra do famoso tio e acabou recordado mais pelo seu “dandismo” político que pela relevância da sua acção. Tal como esta personagem do Segundo Império, também Sarko corre o sério risco de ver rapidamente humilhado o seu populismo.

Mesmo que para a Europa seja de inegável importância a existência de uma França fortemente empenhada no desenvolvimento do projecto europeu, não só como forma de combater alguma tendência para o hegemonismo germânico, mas principalmente para “forçar” a Inglaterra a assumir definitivamente a sua posição, duvido que isso venha a ser alcançado sob a liderança de Sarkozy.

Tal como em 1789 a tomada da Bastilha não constituiu um acto de libertação de um símbolo opressor (há muito que aquela fortaleza deixara de ser uma prisão política para se transformar num mero depósito de munições) mas um prosaico processo de armamento da população, também agora a subida ao poder de Nicolas Sarkozy não deverá passar de um simples episódio de pouca monta.
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[1] Napoleão Bonaparte, general francês (natural da Córsega, onde nasceu em 1769), dirigiria a França entre 1799 (após o golpe do 18 de Brumário) e 1814. Reputado estratega conquistou e governou grande parte da Europa central e ocidental. Acabaria derrotado por uma aliança das principais casas reinantes europeias (Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia), não sem antes ter influenciado fortemente o mapa da Europa moderna.

[2] Carlos Luís Napoleão Bonaparte (1808 – 1873), sobrinho de Napoleão Bonaparte, restaurou o império francês com um golpe de estado, em 1852, que se tornou exemplo clássico de audácia política. Mentor de um governo autoritário proporcionou à França duas décadas de prosperidade, mas revelou-se incapaz de vencer a guerra em que se envolveu contra a Prússia.

1 comentário:

antonio ganhão disse...

Cá para mim devias ter o Sarkozy em melhor conta. A ver vamos.