terça-feira, 14 de julho de 2009

QUANTO VALE UM BOM INQUÉRITO?

Foi a pergunta que de pronto me surgiu ao ler esta notícia do DN (Utentes querem melhor pavimento nas auto-estradas) que refere os resultados de um inquérito efectuado pelo Instituto de Infra-estruturas Rodoviárias (InIR) a pouco mais de 3 mil utentes daquelas vias de comunicação e que a notícia resume da seguinte forma: a maioria, 72%, está satisfeita com essas infra-estruturas.

Os esforços para conhecer o teor o inquérito resultaram infrutíferos, pois tudo o que a página do InIR publica é um curto texto com as conclusões do estudo (pode ser lido aqui) o que reforça a pergunta com que abri este “post”. Quando todos conhecemos as condições em que funcionam as auto-estradas desta país, começando por:

  1. a fraca qualidade dos pisos e do seu próprio traçado;
  2. as constantes obras que somos obrigados a suportar (no sentido restrito e no sentido financeiro), muitas delas realizadas logo após as inaugurações;
  3. a fraca segurança contra a intromissão de animais na via e a sistemática “volatilização” das respectivas provas materiais;
  4. os deficientes serviços de apoio e assistência aos utilizadores;

para não falar no escândalo de que se reveste o facto de serem cobradas portagens em vias que foram construídas com dinheiros públicos (ou comunitários) e prazenteiramente entregues a empresas privadas para mais fácil exploração (dos bolsos dos condutores).

Á laia de sugestão aos senhores do InIR, que tal realizarem um inquérito a TODOS os utilizadores, e não a uns meros e nada representativos três mil) das auto-estradas nacionais – a BRISA até dispõe de um base de dados (ou será outra empresa que por si a gere) de todos os utilizadores da ViaVerde – incluindo nele questões verdadeiramente pertinentes como: a opinião sobre as portagens e o esquema actualmente utilizado para a sua fixação; a qualidade das vias (piso, sinalização, segurança) e dos serviços das concessionárias; a prática de cobrança de portagens em troços em obras e os limites de velocidade actualmente em vigor?

Talvez as conclusões não fossem resumíveis em meras quatro páginas, nem o famigerado grau de satisfação fossem os agora tão convenientemente apregoados 72%.

É que mesmo para enganar os tolos é preciso alguma maestria.

Sem comentários: