domingo, 26 de julho de 2009

INFELIZMENTE É DOMINGO!

Depois da recente aprovação pelos parlamentos francês e português de alterações à legislação laboral, sobre o trabalho ao domingo (em França)...

...e o trabalho doméstico de menores de 16 anos (em Portugal)1, restará alguma dúvida em algum espírito menos atento, que a actual conjuntura de crise económica está a ser aproveitada para uma nova ofensiva contra alguns ganhos sociais?2

Depois de termos assistido ao recurso aos orçamentos públicos para “salvar” os banqueiros que prosseguiram estratégias altamente especulativas, começámos a ouvir diariamente notícias sobre falências, despedimentos e “layoffs”, enquanto de quando em vez vão surgindo outras sobre a necessidade de reduzir os salários para viabilizar as empresas – tudo inserido numa estratégia que visa a manutenção dos lucros do lado do capital e a transferência dos custos para o trabalho – parece termos chegado agora à fase de consignar na legislação os ganhos de mais esta crise.

E esta é apenas mais uma etapa no processo através do qual os interesses que lucraram com as políticas de deslocalização empresarial e de globalização dos mercados se preparam para iniciar a fase de recuperação económica que aguardam ansiosamente em situação de ainda maior vantagem e tudo isto com o apoio dos políticos que fizeram eleger à sombra de promessas de melhorias globais.

Agora que se aproxima nova ronda eleitoral é uma óptima oportunidade para todos nós reflectirmos sobre aqueles que elegemos, sobre a forma como nos levaram ao engano e sobre como não repetirmos o mesmo erro... ou outro idêntico.

Mais do que avaliarmos as promessas de benesses, ou as de rigor e seriedade, deveremos exigir dos políticos e dos partidos a sufrágio princípios simples e concretos sobre programas governativos e visões claras do que entendem ser o melhor futuro.

Quer a maioria tente voltar a refugiar-se nos chavões eleitorais, nas promessas de mundos e fundos e em agradáveis cenários de mel e rosas ou em frases vagas e dúbias envoltas em roupagens de verdade e transparência, caberá aos eleitores a indispensável tarefa de recordar aquele que foi o seu passado próximo e as respectivas passagens pelos corredores do poder... vão ver que tudo ficará muito mais fácil!
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1 Notícias sobre estas matérias podem ser lidas no LE MONDE e no DN.
2 A avaliar por notícias recentes, como estas do PUBLICO ou do JORNAL DE NEGÓCIOS, os jovens europeus contam-se entre as camadas da populações mais atingidas pelo desemprego e, a avaliar pelos efeitos que as medidas agora tomadas poderão ter, a tendência não será para a melhoria.

1 comentário:

Anónimo disse...

"SEM EMPREGO A CRISE MANTÉM-SE "
Todos sabemos que a intervenção humana é cada vez mais prescindível; um dia será apenas residual nas fábricas, laboratórios, escritórios e lojas... Assim, o emprego não recuperará se não se alterar a redistribuição da riqueza produzida. Só isso iria criar alternativas de emprego em sectores de lazer e outros como alternativa aos que se perdem por via do aumento da produtividade por força das novas tecnologias da informática e da automação.

De contrário, espera-nos mais desemprego e miséria: Haverá alguns (poucos) muito ricos, que benificiam dos lucros dessas grandes empresas e muitos milhões de excluídos. As pequenas empresas serão "esmagadas" pelas grandes e a classe média tenderá a desaparecer por isso. Este cenário tem sido objecto de filmes "futuristas" mas o futuro está já aí. A solução seria recusar este estilo de "globalização selvagem" e exigir aos países que escravizam a sua mão de obra que concedam condições dignas de vida às suas populações para poderem exportar para os países ocidentais em vez de ser o ocidente a copiar os métodos desses países. Todos sabemos que o custo da mão de obra é insignificante para o cálculo do preço final dos produtos produzidos nesses países. Este assunto tem que ser levado a sério não só por Portugal mas também pelos restantes países da comunidade, porém, lamentávelmente, os Governos do PS e do PSD sempre defenderam esta Globalização e não creio que estejam agora dispostos a mudar de rumo.
Também não dificultar a saída do mercado de trabalho aos mais velhos, que até descontaram a vida inteira para esta sociedade injusta, seria uma medida correcta: os seus lugares seriam ocupados por jovens em idade de trabalhar que estão no desemprego porque os velhos não se reformam nem morrem.
Zé da Burra o Alentejano