quarta-feira, 15 de abril de 2009

A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO

Após a leitura do artigo «ESBOÇO PARA UM RETRATO DE MORDOMO», de Baptista-Bastos, iniciei a redacção de um comentário sobre a importância das marionetas na vida dos povos.

Excelentes e actuais exemplos é coisa que não falta; aliás há décadas que observadores e analistas vêem a chamar a atenção para a constante e inexorável degradação da qualidade dos políticos que nos governam, sem que isso pareça ter tido qualquer reflexo prático.

Quando a norma, nacional e internacional, passou a ser o cinzentismo ideológico (para não falar num completo vazio de ideias) não é de estranhar que campeiem, até pelos principais areópagos da política, inefáveis figurões[1] como Durão Barroso ou Silvio Berlusconi, que a par dos retirados George W Bush e Tony Blair, apenas poderão ter encontrado justificação enquanto títeres manobrados por inconfessáveis interesses – tão inconfessáveis que nem das luzes da ribalta se deverão aproximar -, como esperar que a nível nacional pontifiquem melhores figuras que os Sócrates, os Cavacos, as Manuelas, os Santanas e os Portas?

Dificilmente se poderá esperar grandes feitos de figuras de reduzida competência política e duvidosa qualidade ética e políticas adequadas à condução dos povos no sentido da melhoria das respectivas condições de vida, tanto mais que as posições de destaque de que gozam (ou gozaram) são meramente circunstanciais e sobejamente peadas pelas eminências pardas que a elas os conduziram.

Como poderemos então esperar desta geração de líderes alguma capacidade para conduzirem o confronto aos conturbados tempos que correm? Pior, como salienta Mário Soares no artigo «CRISE, JUSTIÇA, DEMOCRACIA», a sua incapacidade política é cada vez mais evidente na recusa de uma estratégia – a abertura e o diálogo entre as estruturas políticas e sociais – que dinamize as forças necessárias para encontrar soluções para a crise económica.

O vazio de ideias revela-se na inconsistência e no mimetismo das estratégias gizadas para o combate à crise e no autismo com que recusam ouvir as vozes que em seu redor apresentam soluções alternativas e o medo atávico de perder as benesses do poder não pode ser o fio condutor de decisões, como os grandes investimentos públicos em obras de duvidosa ou nula necessidade, que irão acarretar pesados encargos futuros e de reduzido efeito estrutural na superação da crise.

O ciclo eleitoral que se aproxima poderia ser uma excelente oportunidade para que as populações fizessem ouvir a sua voz (e as suas razões) e que por acréscimo de convicção se afastassem os mais dramáticos cenários de descontentamento e de revolta que se generaliza na sociedade, mas a avaliar pelas candidaturas que já chegaram ao domínio público tudo isto não deverá passar de mera ficção.
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[1] A lista de meritórios candidatos a citação é vasta, tão vasta, que as personagens referidas não alcançam sequer a dimensão de ponta visível do iceberg.

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