Uma rápida visita à sua página na Internet oferece-nos esta súmula do seu trabalho e das suas previsões:
as quais deverão ter sido recebidas com enorme alegria lá pelas terras do Tio Sam, ou não se desse o caso de os EUA (e o vizinho Canadá) apresentarem melhores perspectivas que as dos restantes países ocidentais, mesmo quando todas as previsões foram revistas em baixa relativamente a Janeiro deste ano.
Aqueles números até poderão vir a revelar-se acertados, mas olhando para o historial e para o papel que o FMI tem desempenhado na disseminação da globalização e na fragilização de muitas das economias que aceitaram a aplicação (ou a isso forçadas) do Consenso de Washington, dificilmente se poderão aceitar estas previsões sem fundadas dúvidas, tanto mais que uma observação um pouco mais atenta dos mesmos revela o seguinte padrão:
- em 2009, excepção feita às economias emergentes dos continentes africano e asiático, todas as restantes registam crescimentos negativos nas respectivas economias;
- os EUA e o conjunto das economias avançadas terão, em 2010, um crescimento zero;
- para 2010 a perspectiva é de que apenas as economias europeias, com a excepção da França (será reflexo do facto do presidente do FMI ser o francês Dominique Strauss-Khan e aquele ser um dos territórios da UEE onde a contestação popular aos reflexos da crise económica e à inépcia dos governantes é das mais activas?) continuarão a ter crescimentos negativos, quando tudo o resto revela já sinais de retoma;
que parece demasiado favorável aos interesses norte-americanos.
Concretamente para o caso português e para a UE (tal como as apresentou o JORNAL DE NEGÓCIOS), são as seguintes as previsões:
que confirmam que o início da retoma não deverá ocorrer antes de 2011 e que já começaram a ser usadas pela oposição e pelo Governo para trocarem críticas e outros jogos florais, pois quanto a propostas bem fundamentadas e orientadas para o cerne da questão, continuamos a esperar…
E se Portugal até nem aparece muito afastado dos valores médios previstos para a Zona Euro, importa não esquecer que a posição da economia portuguesa se situa na cauda daquele grupo, pelo que o aparente bom desempenho não significa qualquer convergência com os padrões médios do grupo e que tão alardeada vantagem do equilíbrio orçamental – argumento de que o governo de José Sócrates usa e abusa para contradizer as críticas – apenas serve para esconder o facto das dificuldades da economia nacional ultrapassarem a mera conjuntura recessiva mundial, pois remontam a questões de natureza estrutural, como sejam o atraso na modernização do tecido produtivo nacional e a ausência de um modelo coerente de desenvolvimento nacional.
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