sexta-feira, 24 de abril de 2009

A CANTIGA (AINDA) É UMA ARMA

Haverá melhor data para trazer aqui uma das mais recentes polémicas em torno de uma canção que aquela que ficará para sempre ligada a uma canção – GRÂNDOLA, VILA MORENA – e ao seu autor e intérprete – Zeca Afonso.

Mesmo que um dos autores da canção agora polémica (Kalu, autor da música e um dos músicos do grupo Xutos e Pontapés) afirme que «[c]ada um enfia a carapuça que quiser, isto é para todos os engenheiros. (...) Diverti-me imenso a cantar aquilo e aquilo era o que eu queria mesmo dizer na música»[1] e Zé Pedro (outro dos músicos da banda) tenha afirmado em entrevista à SIC[2] que nunca foi objectivo do grupo usar a canção como manifesto contra o governo, o certo é que a ideia parece ter pegado e Sócrates corre o sério risco de ter que enfrentar um adversário de enorme peso.

É que contra argumentos como os que integram a canção:

e para mais ao ritmo que os “Xutos” lhe imprimem, a luta vai ser duríssima.

O futuro próximo dirá se uma simples canção poderá ou não alcançar aquilo que manifestamente os sucessivos líderes da oposição (Marques Mendes, Luís Filipe Menezes e Manuela Ferreira Leite) nunca conseguiram e assim provar que já nos idos de 1975 José Mário Branco tinha inteira razão quando cantava que:

e que este SEM EIRA NEM BEIRA venha a enfileirar entre as muitas canções que marcaram épocas de luta, como, VAMPIROS, VEJAM BEM e TRAGAM MAIS CINCO, de Zeca Afonso, a TROVA DO VENTO QUE PASSA, letra de Manuel Alegre cantada por Adriano Correia de Oliveira e LIVRE, letra de Manuel de Oliveira cantada por Manuel Freire.
___________
[1] As declarações do músico foram recolhidas aqui.
[2] A entrevista pode ser lida aqui.

Sem comentários: