O DIÁRIO DE NOTÍCIAS, que também abordou o tema nesta notícia, refere que as queixas dos utentes já começaram a chegar à ADSE e que dos acordos que aquele organismo de assistência aos funcionários públicos estabelece com os prestadores privados de cuidados de saúde consta uma cláusula que proíbe qualquer tipo de discriminação.
Tanto quanto informam os dois órgãos de comunicação, casos daquela natureza têm-se registado em unidades dos grupos Mello e Espírito Santo (ESS - Espírito Santo Saúde), sendo mais grave no caso deste último, cuja unidade hospitalar (o Hospital da Luz), com pouco mais de um ano de funcionamento já regista lista de espera para todas as consultas, o que não tem impedido marcações mais céleres para os clientes privados ou possuidores de seguros de saúde privados.
Confrontada com esta realidade é uma administradora da ESS que justifica a situação com a grande procura dos serviços e o cenário de futuro incerto que vive aquele subsistema de saúde.
Além de não ser de esperar outra coisa de uma empresa (porque na realidade é disso mesmo que se trata) senão a de acautelar primeiro os interesses dos bons clientes – os que pagam directamente os custos da saúde ou aqueles a quem as seguradoras asseguram esse mesmo pagamento – que garantem os elevados lucros dos accionistas, deixando os restos para a ralé, não seria também de ver amanhã, ou depois, publicada a notícia da rescisão do contrato que liga a ADSE àqueles hospitais privados?
Como em Portugal, país onde campeia a maior das impunidades, tal será praticamente impossível de ocorrer, os “espíritos santos” e os “mellos” continuarão a facturar às custas da generalidade dos cidadãos e a cobro dos políticos que nos têm governado, só tenho pena que aqueles que tanto se têm empenhado na privatização de tudo o que possa interessar a iniciativa privada, que têm recorrido aos mais disparatados argumentos[1] para alcançarem esse fim, não tenham um dia de passar pelo mesmo tipo de tratamento a que votaram os trabalhadores deste país!
Não que me mova um qualquer sentimento mesquinho ou de vingança, mas porque tenho perfeita consciência que no fundo, lá muito no fundo, eles só fizeram isto porque não crêem que venham a ser afectados pelas suas próprias asneiras...
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[1] Veja-se, a propósito dos falsos argumentos para justificar as políticas de privatização, esta notícia do DN sobre a famigerada questão do peso da função pública no conjunto do emprego nacional, hoje mesmo publicada.
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