Talvez nem todos se tenham dado conta, quando em
meados deste mês alguns jornais nacionais e estrangeiros divulgaram que o
Tribunal Constitucional Alemão tinha decidido favoravelmente que fosse o «Exército
alemão autorizado a intervir internamente», que estavam a ser informados
que a expectativa dos dirigentes políticos aponta para uma degradação da
situação interna (naquele país e, por acréscimo e analogia, no resto da UE).
Ainda
frescas na memória estão as consequências imediatas duma greve numa mina
africana, despoletada por melhores salários e melhores condições de trabalho, que
se saldou por manchetes como: «34
mineiros em greve abatidos pela polícia sul-africana», ou
os confrontos que ocorreram em Madrid no final da Marcha Negra, iniciada pelos
mineiros asturianos e que acabou por canalizar o vasto sentimento de desagrado
duma população que sofre os efeitos duma taxa de desemprego próxima dos 25%[1].
É claro
que a analogia entre mineiros espanhóis e sul-africanos é circunstancial, mas o
facto de a pouco e pouco ir chegando ao conhecimento geral que a generalidade
dos Estados estão a reforçar os seus aparelhos de vigilância e defesa e desta
prática nem sequer ser recente (recorde-se o que escrevi em 2008 no “post” «LOUCAS…
MAS ACEITÁVEIS!» sobre o reforço do corpo da Guarda Nacional norte-americana,
para não falar já nas leis aprovadas a pretexto do combate ao terrorismo), não
deve configurar motivo de alívio.
Os tempos que
se avizinham dirão da pertinência e da justiça da observação, mas o facto é que
a conjugação da degradação das condições de vida de camadas cada vez maiores
das populações com o claro reforço dos mecanismos de repressão popular não deixa
antever senão um aumento do risco de mais e maiores confrontos.
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