A passagem de
mais um aniversário dum episódio marcante na História ibérica – não tivessem os
castelhanos sido derrotados em Aljubarrota e quiçá a iniciativa de expansão
marítima europeia teria sofrido um significativo atraso enquanto a ausência do
ouro sul-americano teria inviabilizado financeiramente o império erguido por
Carlos V – pode constituir um boa oportunidade para reflexão sobre as actuais
necessidades de defesa. Isso mesmo fizeram ontem Adriano Moreira e Viriato
Soromenho-Marques nas páginas do DN;
de forma mais directa (Soromenho-Marques em «Sessenta
minutos») ou indirecta (Adriano Moreira em «A
prontidão da defesa») pretenderão ambos alertar para a necessidade de
discussão dum tema habitualmente malquisto da classe política nacional e
europeia, mas que, como tantos hoje banidos do debate de ideias, se reveste de
capital importância, porque questões como a defesa não podem ser delegadas em
espantalhos.
A realidade
mundial (e em particular a sucessão de acontecimentos, designados por Primavera
Árabe, na zona do Mediterrâneo onde no situamos) mais do que justifica uma
clara definição do papel e das capacidades com que cada estado entende dotar o
seu aparelho de defesa; mesmo deixando para outra oportunidade o debate sobre o
papel da Europa (leia-se uma União Europeia resultante da vontade dos povos e
organizada para sua defesa e progresso) num sistema de alianças militares
ditado pela realidade dum pós-guerra ultrapassado, poucos poderão
conscientemente refutar a necessidade duma verdadeira estrutura militar que,
assegurando a defesa da UE alcance igualmente a capacidade de projectar força
nos cenários que o justifiquem.
Já escrevi em
anteriores ocasiões (nomeadamente em Dezembro de 2011 no “post” «OS
DEZ PROBLEMAS DO EURO» ou mais remotamente em Novembro de 2006 no “post” «O
SMO, A UNIÃO EUROPEIA E PORTUGAL (onde nos pode levar um simples texto de Vasco
Graça Moura)») a importância que atribuo à formação dum exército único
europeu, quer do ponto de vista político-militar quer do ponto de vista
económico, questão que na actual conjuntura adquire maior premência, pois num
momento em que é real a pressão para a contenção dos gastos públicos nada
melhor que o recurso às economias de escala que uma solução militar do tipo federal
pode proporcionar para garantir ao conjunto dos intervenientes as capacidades
que isoladamente não poderiam alcançar, a menos que o real objectivo dos
poderes instalados inclua precisamente a desistência das liberdades…
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