sábado, 18 de agosto de 2012

A ASCENSÃO DUMA CERTA ELITE FINANCEIRA


Recordando o resultado dum recente relatório da TAX JUSTICE NETWORK referido no post” «SUPER RICOS», no qual James Henry relata que apurou que uma minoria de super-ricos “esconde” um mínimo de 17 biliões de euros em paraísos fiscais (apenas em activos financeiros, pois o estudo não contabilizou imóveis nem outros bens móveis como metais preciosos, jóias, viaturas, barcos, aviões e cavalos de corrida) –, cruzando-o com dados da Comissão Especial da ONU para a Lavagem de Dinheiro (citada aqui por James Petras) que assegura que os bancos norte-americanos e europeus lavam anualmente cerca de 300 mil milhões de dólares e com as recentes notícias sobre a reiterada prática bancária de manipulação da LIBOR pelo banco britânico Barclay’s (mais tarde reforçado pela informação que o «Deutsche Bank admite envolvimento de funcionários no caso da manipulação da Libor» e agora confirmada pela notícia de que foram «Sete bancos intimados no caso da Libor», incluindo o JP Morgan, o Royal Bank of Scotland e a UBS), bem se pode afirmar que algo de muito grave grassa entre a elite financeira mundial.


Não bastando as consequências já conhecidas da crise do “subprime” e da óbvia responsabilidade dos gigantes financeiros na crise de liquidez bancária que se lhe seguiu, nem os resgates públicos de boa parte do sistema financeiro mundial, nem o constante anúncio de mais e mais fraudes detectadas no sector parece estar a gerar uma adequada reacção do sector político que tarda em implementar as medidas que se imporiam para reduzir/eliminar aqueles efeitos.

Uma vez que vários têm sido os técnicos e especialistas a avançar com propostas de intervenção – desde a proibição de práticas como a venda de títulos a descoberto (“short-selling”), uma regulamentação mais restritiva dos mercados de produtos derivados, a proibição dos “offshores” e o regresso do poder de criação de moeda à esfera pública – a inércia do poder político apenas pode ser explicada pelo enfeudamento dos seus titulares aos interesses particulares do sector financeiro.

Sector onde têm campeado uma plêiade de figuras e figurões bem reveladora dos reduzidos princípios éticos que originaram «Cinco anos de escândalos na elite da banca mundial» e que prometem continuar a trilhar a mesma senda.

Curioso é que na actualidade as vozes que se vão erguendo contra este estado das coisas e a permanente ideia de fazer prevalecer os interesses do sector financeiro integra já personalidades cada vez mais improváveis, como Daria Zahkarova, chefe da missão do FMI para a Islândia, que foi citada pela Bloomberg (e repetida aqui pelo JORNAL DE NEGÓCIOS) como tendo dito que uma das razões para o sucesso da recuperação da economia islandesa foi «…a decisão de imputar as perdas aos obrigacionistas e não aos contribuintes, de manter blindado o sistema social e de protecção aos desempregados…», precisamente o inverso do que se insiste em praticar na UE.

Quando até já se afirma publicamente que «Para o FMI, o resgate ao estilo islandês é uma lição a reter em tempos de crise», continua a aplicar-se entre nós a receita da “austeridade expansionista” sob o mais que comprovadamente falso argumento da inexistência de alternativa.

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