Recordando o
resultado dum recente relatório da TAX JUSTICE
NETWORK – referido no “post” «SUPER RICOS»,
no qual James Henry relata que apurou que uma minoria de super-ricos “esconde”
um mínimo de 17 biliões de euros em paraísos fiscais (apenas em activos
financeiros, pois o estudo não contabilizou imóveis nem outros bens móveis como
metais preciosos, jóias, viaturas, barcos, aviões e cavalos de corrida) –, cruzando-o
com dados da Comissão Especial da ONU para a Lavagem de Dinheiro (citada aqui
por James Petras) que assegura que os bancos norte-americanos e europeus
lavam anualmente cerca de 300 mil milhões de dólares e com as recentes notícias
sobre a reiterada prática bancária de manipulação da LIBOR pelo banco britânico
Barclay’s (mais tarde reforçado pela informação que o «Deutsche
Bank admite envolvimento de funcionários no caso da manipulação da Libor» e
agora confirmada pela notícia de que foram «Sete
bancos intimados no caso da Libor», incluindo o JP Morgan, o Royal Bank of
Scotland e a UBS), bem se pode afirmar que algo de muito grave grassa entre a
elite financeira mundial.
Não bastando
as consequências já conhecidas da crise do “subprime”
e da óbvia responsabilidade dos gigantes financeiros na crise de liquidez
bancária que se lhe seguiu, nem os resgates públicos de boa parte do sistema
financeiro mundial, nem o constante anúncio de mais e mais fraudes detectadas
no sector parece estar a gerar uma adequada reacção do sector político que
tarda em implementar as medidas que se imporiam para reduzir/eliminar aqueles
efeitos.
Uma vez que
vários têm sido os técnicos e especialistas a avançar com propostas de
intervenção – desde a proibição de práticas como a venda de títulos a
descoberto (“short-selling”), uma
regulamentação mais restritiva dos mercados de produtos derivados, a proibição
dos “offshores” e o regresso do poder
de criação de moeda à esfera pública – a inércia do poder político apenas pode
ser explicada pelo enfeudamento dos seus titulares aos interesses particulares
do sector financeiro.
Sector onde
têm campeado uma plêiade de figuras e figurões bem reveladora dos reduzidos
princípios éticos que originaram «Cinco anos de escândalos na elite
da banca mundial» e que prometem continuar a trilhar a mesma
senda.
Curioso é que
na actualidade as vozes que se vão erguendo contra este estado das coisas e a
permanente ideia de fazer prevalecer os interesses do sector financeiro integra
já personalidades cada vez mais improváveis, como Daria
Zahkarova, chefe da missão do FMI para a Islândia, que foi citada pela
Bloomberg (e repetida
aqui pelo JORNAL DE NEGÓCIOS) como tendo dito que uma das razões para o
sucesso da recuperação da economia islandesa foi «…a decisão de imputar as perdas aos obrigacionistas e
não aos contribuintes, de manter blindado o sistema social e de protecção aos
desempregados…», precisamente o inverso do que se
insiste em praticar na UE.
Quando até já se
afirma publicamente que «Para
o FMI, o resgate ao estilo islandês é uma lição a reter em tempos de crise»,
continua a aplicar-se entre nós a receita da “austeridade expansionista” sob o
mais que comprovadamente falso argumento da inexistência de alternativa.
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