sábado, 11 de agosto de 2012

FIM DE VERÃO QUENTE


Será de estranhar que ao longo da semana tenhamos lido notícias como «Recessão em Itália agravou-se no segundo trimestre», «Itália encolhe há um ano e Alemanha trava a fundo» ou «Banco de Inglaterra baixa previsão de crescimento da economia», quando ainda temos bem presente o completo “flop” que foi a última reunião do BCE, a ponto do ECONÓMICO ter escrito sem pejo que «Investidores desapontados penalizam acções e procuram refúgio»?

Pior que uma quase total ausência de decisões – o BCE e o seu presidente Mario Draghi quedaram-se por mais um anódino enunciado de ideias, prontamente contrariadas por declarações de responsáveis alemães – foi a constatação que algumas possíveis boas intenções continuarão a esbarrar na persistente recusa alemã, mesmo quando a iniciativa sugerida pelo BCE não deverá passar duma intervenção no mercado secundário da dívida pública ao invés da que a lógica e a adequada gestão do mecanismo de financiamento público impunham e qua há muito aqui venho propondo – o financiamento directo junto do BCE.

Quando se revela cada vez mais difícil escamotear o facto da Zona Euro atravessar uma conjuntura especialmente perigosa e quando a incapacidade das suas estruturas é tanto mais evidente quanto até «Cavaco Silva desafia BCE a comprar já dívida pública de Portugal e Irlanda», é expectável que esta crise venha a conhecer alguma inversão nos tempos mais próximos?


Será pois estranho, quando nos lembramos que atravessamos a tradicional época de férias e que para muito breve teremos na ainda maior economia mundial a publicação dos resultados do ano (nos EUA o ano comercial inicia-se e conclui-se em Setembro) e o acelerar duma campanha eleitoral interna, conjuntura onde qualquer natural “arrefecimento” da economia ou o “aquecimento” duma variável tão sensível como o desemprego poderá originar ondas de choque que uma vez mais a UE não conseguirá controlar, antever a forte probabilidade de ocorrência de novos fenómenos nos próximos meses, algo ainda mais concreto depois do anúncio que «Espanha espera por Setembro para decidir se pede ajuda»?

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