Será de
estranhar que ao longo da semana tenhamos lido notícias como «Recessão
em Itália agravou-se no segundo trimestre», «Itália
encolhe há um ano e Alemanha trava a fundo» ou «Banco
de Inglaterra baixa previsão de crescimento da economia», quando ainda
temos bem presente o completo “flop”
que foi a última reunião do BCE, a ponto do ECONÓMICO ter escrito sem pejo que «Investidores
desapontados penalizam acções e procuram refúgio»?
Pior que uma
quase total ausência de decisões – o BCE e o seu presidente Mario Draghi quedaram-se
por mais um anódino enunciado de ideias, prontamente contrariadas por
declarações de responsáveis alemães – foi a constatação que algumas possíveis
boas intenções continuarão a esbarrar na persistente recusa alemã, mesmo quando
a iniciativa sugerida pelo BCE não deverá passar duma intervenção no mercado
secundário da dívida pública ao invés da que a lógica e a adequada gestão do
mecanismo de financiamento público impunham e qua há muito aqui venho propondo
– o financiamento directo junto do BCE.
Quando se
revela cada vez mais difícil escamotear o facto da Zona Euro atravessar uma
conjuntura especialmente perigosa e quando a incapacidade das suas estruturas é
tanto mais evidente quanto até «Cavaco
Silva desafia BCE a comprar já dívida pública de Portugal e Irlanda»,
é expectável que esta crise venha a conhecer alguma inversão nos tempos mais
próximos?
Será pois
estranho, quando nos lembramos que atravessamos a tradicional época de férias e
que para muito breve teremos na ainda maior economia mundial a publicação dos
resultados do ano (nos EUA o ano comercial inicia-se e conclui-se em Setembro)
e o acelerar duma campanha eleitoral interna, conjuntura onde qualquer natural
“arrefecimento” da economia ou o “aquecimento” duma variável tão sensível como
o desemprego poderá originar ondas de choque que uma vez mais a UE não
conseguirá controlar, antever a forte probabilidade de ocorrência de novos
fenómenos nos próximos meses, algo ainda mais concreto depois do anúncio que «Espanha
espera por Setembro para decidir se pede ajuda»?
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