Que esperanças poderão ser depositadas numa nova ronda de negociações entre Israel e a Autoridade Palestiniana que á partida se sabem não assentarem em qualquer base de estabilidade e que são fruto exclusivamente da vontade (ou do interesse) da administração norte-americana?
Além do mais que provável agravamento de crispações e de um eventual comunicado que assegurará o empenho de todas as partes na prossecução do grandioso objectivo da paz entre os povos, que mais será de esperar de uma das mais mal preparadas cimeiras entre judeus e palestinianos e a propósito da qual o ministro dos negócios estrangeiros israelita – o ultraconservador Avigdor Lieberman – afirmou que a paz é inalcançável nesta geração.
Bem se poderá dizer que tudo não passará de mais uma magistralmente encenada manobra de propaganda a que americanos, judeus e palestinianos se estão a entregar, na qual a dócil participação da Fatah palestiniana é explicada pelas próprias palavras do habitual chefe da delegação palestiniana, Saheb Erakat, que afirmou à AFP: «Se chegarmos a um acordo, o Hamas desaparecerá, mas se fracassarmos, então nós desapareceremos».
As três partes sabem perfeitamente que não existe qualquer hipótese de sucesso numa negociação sobre a questão palestiniana que não envolva a devolução dos territórios palestinianos (incluindo Jerusalém Leste) e dos Montes Golan, ocupados em 1967 na sequência da Guerra dos Seis Dias, a consagração do direito de retorno dos palestinianos expulsos e, a fundamental de todas: a questão do direito do acesso às fontes de água potável.
Quando à partida o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou como questão primordial o problema da segurança israelita e deixou no ar a dúvida sobre o prolongamento da moratória à ampliação dos colonatos judaicos na Cisjordânia, até os mais optimistas deviam ter compreendido de imediato que nada de novo surgirá nos tempos mais próximos e que mais que as iniciativas desestabilizadoras fomentadas pelo Hamas, é a essência teocrática do próprio Estado de Israel que põe em causa qualquer processo sério de negociação.
A reunião agendada para 14 e 15 de Setembro para a estância turística egípcia de Sharm el-Sheikha confirmará tudo isto.
1 comentário:
Bom texto =)
Acho que nos conhecemos =)
Sou filha do João Gonçalves. Já lá vão mil anos!
Um forte abraço e desejos de tudo a correr mt bem.
Foi com alegria que encontrei este blog.
Teresa G.
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