Assinala-se hoje mais um aniversário (o nono) dos atentados às Torres Gémeas de Nova Iorque e, não fora um quase “fait divers”, poder-se-ia dizer que hoje como então tudo continua na mesma.
Nove anos volvidos e um inquérito oficial depois, continuam por explicar e esclarecer questões da maior importância que deveriam hoje ser relembradas, não fosse a oportuna ideia veiculada por um pastor lunático de se assinalar a data mediante a queima em praça pública de exemplares do Alcorão.
Sobre a inoportunidade e a irresponsabilidade da ideia já vários responsáveis norte-americanos, incluindo figuras da administração e o próprio Obama, se pronunciaram, mas o que me parece digno de reter é a essência da própria ideia.
Será espantoso que nove anos após a catástrofe ocorrida em Nova Iorque e duas guerras de agressão depois, um membro importante de uma qualquer religião apele aos seus fiéis seguidores que promovam uma das manifestações mais bárbaras de incivilidade e ignorância que a queima pública de livros?
Não será precisamente o desviar das atenções para os verdadeiros problemas originados no 11 de Setembro de 2001 (que procurei sistematizar nos “posts” que aqui publiquei em 2006) que pretende o reverendo Terry Jones? ou espera lançar, à semelhança dos papas medievais, mais uma cruzada contra os infiéis?
Mesmo que as hesitações reveladas nos últimos dias indiciem tratar-se mais de um caso de publicidade instantânea que de uma verdadeira “cruzada”, o certo é que infelizmente parece continuar a haver mentes crédulas e facilmente influenciáveis, agora como quando a administração Bush pretendeu que o objecto voador que embateu contra o Pentágono foi um Boeing 757.
Entretida com o queima não queima do padre Jones ou com a pseudo polémica em torno da construção de uma mesquita em zona vizinha à das antigas Torres Gémeas, a imprensa prefere uma vez mais o acontecimento oco e balofo a uma séria abordagem das questões sobre o 11 de Setembro que continuam por responder.
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