Ao ler o título do mais recente artigo do Prof. César das Neves (que pode ser lido aqui na página do DN) cuidei que o insigne professor e não menos notável conselheiro económico de governos e presidentes, iria finalmente abordar a questão que há anos ilude – a do desbaratar dos fundos de coesão que a então CEE colocou à disposição de um governo ao qual ele prodigalizou conselhos e nunca poupou encómios.
Mas, ao continuar a leitura rapidamente corrigi aquele pensamento.
Afinal a grande fraude, no entender de César das Neves, não foi o investimento em betão (mais concretamente nas auto-estradas que a CEE pagou mas, que os nossos governantes venderam às concessionárias para que estas cobrassem portagens e de quem agora se diz que a «BRISA vai acabar com operadores nas portagens e propõe rescisão a 1280 trabalhadores») antes o esboço de um política social, construída segundo o mesmo a expensas e em prejuízo da «...assistência comunitária e religiosa [...] espoliando e sufocando as múltiplas organizações que a sociedade e a Igreja operam há séculos».
Mesmo que não se possa deixar de lhe reconhecer razão na crítica que faz quando afirma que «...quando o descontrolo orçamental exige disciplina e austeridade, os primeiros cortes foram precisamente aí...» (na assistência social), uma leitura mais atenta do artigo de pronto revela que a verdadeira motivação do autor é outra quando assegura que «...o Estado transforma em impostos e subsídios o que sempre foi solidariedade. Intromete-se entre os beneméritos e as organizações sociais...», numa palavra, destrói aquilo que sempre foi tão caro às estruturas eclesiásticas e a quem sempre nelas encontrou apoio para a prossecução das suas políticas de concentração da riqueza: a tão importante caridadezinha católica.
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