A Justiça dorme porque sucessivos anos de inacção e de bem urdidas teias legislativas pearam os que pontualmente ainda vão tentando fazer algo de construtivo; enquanto isso a formação das gerações mais jovens é cada vez menos orientada para a construção de sólidos valores morais e sociais e o grande meio de divulgação da actualidade (que apesar de tudo ainda é a televisão) limita-se a difundir os conteúdos de menor qualidade quando não de duvidosa qualidade, ampliando ainda mais aquele défice.
Enquanto os políticos (no poder ou que a ele almejam), por pura incompetência ou intencionalmente, evitam abordar a questão e para sua própria sobrevivência inventam temas fracturantes (como o casamento homossexual), imiscuem-se cada vez nas decisões de natureza pessoal e cultural dos cidadãos (proibições de fumar e outros normativos de natureza higieno-sanitária) ou empolam as ameaças securitárias, os cidadãos isolam-se cada vez mais das questões públicas e alheiam-se dos problemas que as televisões lhes não façam entrar pela sala.
Assim, se a Justiça dorme é apenas porque todos nós preferimos fingir não ver ou tomar soporíferos a enfrentar a dolorosa existência das insónias e dos pesadelos que nos rodeiam.
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