terça-feira, 13 de maio de 2008

O CINZENTISMO INTELECTUAL

Quando há cerca de uma semana li o comentário que Manuela Ferreira Leite escreveu no EXPRESSO sobre o aumento das matérias-primas, não pensei vir a dedicar-lhe aqui especial atenção, não fora o que hoje escreveu Mário Soares no DIÁRIO DE NOTÍCIAS sobre o mesmo assunto e aquele paupérrimo comentário da ex-ministra favorita de Cavaco Silva não justificaria uma linha de reflexão.

O que mudou? Quase tudo; a começar pela forma sintética como Mário Soares (o político generalista) nos transmite a sua visão das origens, responsáveis e consequências da crise económica que atravessamos (da qual a crise das matérias-primas e alimentares é uma parte), até ao facto de terminar com a sua opinião sobre a actuação recomendável para os que nos governam. Ao invés, Manuela Ferreira Leite (a reputada tecnocrata) espraia-se num texto repleto de generalidades, passíveis de serem lidas em qualquer folheto de divulgação e propaganda, vazio de apreciação ou até de sugestão de qualquer modelo de actuação menos que vago.

Que conclusão se pode retirar desta leitura? Que na prática Mário Soares se revela melhor conhecedor dos meandros económicos que Manuela Ferreira Leite? Seguramente que não!
O que distingue os dois textos e os dois autores é que um, Mário Soares, expõe opiniões, tece comentários e críticas e sugere soluções, enquanto outro, perfeitamente inserido nos modernos padrões do politicamente correcto (e ainda mais adequado a alguém que é candidato à liderança de um partido político), revela um total vazio de ideias próprias. Neste tudo são lugares comuns, nada é escrito que não o tivesse sido já por outrem…

Não será, seguramente pelo que escreveu sobre a crise das matérias-primas que Manuela Ferreira Leite arriscará perder a eleição no PSD.

E nós, até quando suportaremos este cinzentismo intelectual?

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