Louváveis e muito humanas declarações não fossem elas atribuídas ao presidente de um país que desde meados do século passado tem vivido de uma economia de guerra (a seguir à devastadora II Guerra Mundial, os EUA não hesitaram em envolver-se em mais duas guerras regionais – Coreia e Vietname - em apoiarem sanguinários golpes militares em África e na América Latina e mais recentemente procederem à invasão do Afeganistão e do Iraque) e mantido o princípio de venda livre de armas automáticas no seu território.
Se sempre será possível encontrar alguma explicação para aqueles conflitos, responsáveis por milhões de mortos, é cada vez mais difícil encontrar justificação para esta sucessão de mortes absolutamente gratuitas e inúteis, salvo para os subscritores de uma iníqua política patrocinada pela NRA – National Rifle Association, que se tem mantido inflexível na defesa do direito à posse de arma, sob o argumento de se tratar de um exercício de liberdade protegido pela Constituição Americana.
A aparente estranheza de tudo isto ganhará novos contornos se recordarmos mais dois pormenores:
- a enorme contradição que existe na defesa de um proclamado direito constitucional de uso e porte de arma quando os EUA são hoje um país onde os princípios de liberdade de expressão e de opinião têm sofrido sucessivos golpes às mãos dos poderes públicos desde o 11 de Setembro de 2001;
- a incapacidade que a generalidade dos cidadãos americanos revelam em associar a crescente frequência destes massacres com as políticas governamentais de glorificação e fomento das intervenções bélicas;
perante isto, as conhecidas ligações entre a administração Bush e a NRA não serão mais que apenas uma pequena justificação para a manutenção de um “satus quo” particularmente benéfico aos objectivos e necessidades do “lobby” militar-industrial que de forma mais ou menos evidente tem dirigido o país nas últimas décadas.
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