«Três grupos privados e a União das Misericórdias Portuguesas são as entidades privadas e da rede social que já puseram em marcha um ambicioso programa de abertura de unidades de saúde que pretendem ocupar o vazio deixado pelo Estado ao fechar urgências, centros de atendimento permanente e maternidades.» noticia hoje o DN.
Para uns isto pode significar o bom funcionamento do “Mercado” e da “Economia”, para mim significa apenas que o actual governo, chefiado por José Sócrates, tem mentido quando afirma que não é possível manter em funcionamento essas unidades hospitalares por questões de racionalidade técnica (repare-se que o discurso se refinou para iludir as críticas de economicismo).
Que melhor exemplo do contrário que assistirmos a este processo encapotado de privatização de um bem essencial como a saúde.
Assim, pouco a pouco, vamos continuar a assistir à destruição das redes de apoio social. Este processo, iniciado em meados da última década do século passado pelos governos de Cavaco Silva com a privatização dos transportes públicos, está a agora a ser continuado por um governo que dizendo-se de esquerda aplica as políticas anti-sociais que os de direita não conseguiram aplicar.
Curiosamente, ou talvez não, tudo isto acontece num período caracterizado pelo fraco crescimento da economia nacional. Afinal parece que não existe falta de capitais para aplicar em bons negócios, pena é que os capitalistas nacionais continuem a só conseguir realizar investimentos lucrativos quando apoiados pela “muleta” do governo. Tudo o que implique algum risco e alguma probabilidade de menores e menos rápidos resultados é prontamente posto de lado.
Confirmando o verdadeiro maná que promete ser a actuação do governo de José Sócrates vejam-se as dificuldades com que se debatem os líderes dos partidos à sua direita para conseguirem algo de tão simples como manter a consistência das suas “hostes”. Marques Mendes e Ribeiro e Castro, cada um à sua maneira e enfrentando os seus próprios fantasmas, desesperam por parecer mais que meros figurantes de terceira categoria, enquanto os ex-líderes e eternos candidatos a sucessores, Santana Lopes e Paulo Portas, cumpridos os tradicionais dois anos de travessia do deserto, já iniciaram o processo de “contagem de espingardas” para a batalha que se avizinha.
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