sábado, 6 de outubro de 2012

UM 5 DE OUTUBRO DIFERENTE


O dia que marcou a última celebração da data do 5 de Outubro na qualidade de feriado nacional, não podia ter deixado melhor imagem do País. Enquanto na Aula Magna da Universidade de Lisboa milhares de cidadãos discutiam as alternativas possíveis às políticas originadas pelo Memorando de Entendimento com o FMI, o BCE e o FEEF, o poder instituído oferecia um imagem da completa desorganização que grassa pelos corredores do poder.

Não bastando a despudorado ignomínia de retirar do calendário de feriados nacionais – entendendo-se esta qualidade como forma de acentuar o especial relevo dos acontecimentos de que a História deixou marca – a data que assinala a função do regime republicano vigente, enquanto se mantém feriados religiosos que à luz da Constituição que estabelece o Estado Português como estado laico poderiam ter sido eliminados, eis que na última data em que a celebração poderia manter as tradicionais características de participação popular, foi decidido remetê-la para um pátio reservado, limitando-se a vertente pública ao hastear da bandeira.

Talvez no afã de despachar a coisa (não fosse a populaça agraciar as altas individualidades presentes na segura varanda camarária com algum dichote mais atrevido ou um hoje em dia comum epíteto de “gatuno”) eis que a bandeira acabou içada ao contrário.


É claro que a culpa foi dalgum estouvado funcionário (quiçá perigoso comunista infiltrado) que dispôs o símbolo nacional ao contrário, mas o que ficou para a imagem foi uma galeria de notáveis assistindo impavidamente ao impróprio acto de hastear a bandeira ao contrário.

Além da óbvia galhofa logo terá havido quem pensando melhor até reconhecesse no acto um sinal dos tempos; é que em períodos de guerra era hábito hastear a bandeira ao contrário como sinal da ocupação inimiga...

Analogias com os tempos modernos? De modo algum! Mas como costumam dizer os nosso vizinhos galegos: “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!

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