O dia que
marcou a última celebração da data do 5 de Outubro na qualidade de feriado
nacional, não podia ter deixado melhor imagem do País. Enquanto na Aula Magna da
Universidade de Lisboa milhares de cidadãos discutiam as alternativas possíveis
às políticas originadas pelo Memorando de Entendimento com o FMI, o BCE e o
FEEF, o poder instituído oferecia um imagem da completa desorganização que
grassa pelos corredores do poder.
Não bastando a
despudorado ignomínia de retirar do calendário de feriados nacionais –
entendendo-se esta qualidade como forma de acentuar o especial relevo dos
acontecimentos de que a História deixou marca – a data que assinala a função do
regime republicano vigente, enquanto se mantém feriados religiosos que à luz da
Constituição que estabelece o Estado Português como estado laico poderiam ter
sido eliminados, eis que na última data em que a celebração poderia manter as tradicionais características de participação popular, foi decidido remetê-la para um pátio
reservado, limitando-se a vertente pública ao hastear da bandeira.
Talvez no afã
de despachar a coisa (não fosse a populaça agraciar as altas individualidades
presentes na segura varanda camarária com algum dichote mais atrevido ou um
hoje em dia comum epíteto de “gatuno”) eis que a bandeira acabou içada ao
contrário.
É claro que a
culpa foi dalgum estouvado funcionário (quiçá perigoso comunista infiltrado) que dispôs o símbolo nacional ao contrário, mas o que ficou para a imagem foi
uma galeria de notáveis assistindo impavidamente ao impróprio acto de hastear a
bandeira ao contrário.
Além da óbvia
galhofa logo terá havido quem pensando melhor até reconhecesse no acto um sinal
dos tempos; é que em períodos de guerra era hábito hastear a bandeira ao
contrário como sinal da ocupação inimiga...
Analogias com os tempos modernos? De modo algum! Mas como costumam dizer os nosso vizinhos
galegos: “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay!”
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