segunda-feira, 18 de junho de 2012

A GRANDE DÚVIDA


Nem sempre nem nunca, diz o aforismo a que muitas vezes recorremos, mas que poucas vezes terá feito tanto sentido quanto agora, nesta Europa onde o tempo urge.


Não costumo limitar-me a reproduzir aqui directamente o que outros escrevem, mas não resisto hoje a fazê-lo. Impulso após a leitura da crónica hoje publicada por Viriato Soromenho Marques no DN, na qual sintetiza perfeitamente a emergência que vive a UE:
«O dia seguinte
Imaginemos o que teria acontecido em Outubro de 1962, durante a crise dos mísseis de Cuba, se Kennedy e Krutchev tivessem imposto a lógica de "salvar a face" ao critério da salvação do interesse público, que é o coração da grande política? A humanidade não foi destruída por uma devastadora guerra atómica porque os dirigentes dos EUA e da ex-URSS perceberam que a política deve ser sempre a arte do compromisso, se o que estiver em causa for salvar a vida, a propriedade e o sonho de um futuro digno do maior número possível de pessoas. O dia seguinte mais importante, depois destas eleições gregas, não é o que ditará a formação com sucesso dum governo fiel à disciplina da troika. O dia a seguir que importa é aquele em que em Berlim e Bruxelas tombe o véu da crispação, e seja visível que o que está em causa não é "salvar a face" perante um povo que recusa continuar a engolir a cicuta de uma austeridade irracional, mas sim garantir o direito ao futuro, com paz e prosperidade, de 500 milhões de europeus habitando nos 27 países da União Europeia. Ou todos perderemos, e a Europa recua da civilização à barbárie. Ou todos venceremos, e seremos capazes de construir uma Europa federal, como comunidade de destino.
Viriato Soromenho Marques»

tanto mais justificado quanto o texto expressa muito claramente a grande dúvida que tantas vezes aqui tenho referido: existirão na Europa políticos para levar avante o projecto de integração europeu?

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