sábado, 23 de junho de 2012

BOAS NOVAS?


Na semana de novas cimeiras (Rio+20 no Brasil, G20 no México e Ecofin, no Luxemburgo) saldadas, como sempre, por inabaláveis declarações de princípios (pontilhadas aqui e ali por notícias do teor da que «Quase ninguém sabe o que os governos estão a decidir no Rio+20»), e apesar da notícia de que «Ecofin: grupo restrito aceita iniciar o processo para criar taxa Tobin», o maior destaque ainda acabará por ser o resultado das eleições gregas.

No dia 17 de Junho os gregos voltaram às urnas e o resultado, apesar de semelhante ao de 6 Maio, acabou por clarificar muito da vida política europeia. E quando os políticos voltam a revelar deficiências na correcta interpretação da realidade, valham-nos os humoristas… 


… para que ninguém duvide da natureza do verdadeiro vencedor.

Graças ao recurso a todas as “armas” disponíveis (e a menor delas não foi senão a constante instilação do medo) os principais responsáveis pelas dificuldades que a população atravessa – PASOK e Nova Democracia, partidos que têm dividido o poder no país, eurocratas, como Durão Barroso e Van Rompuy, e governos conservadores, com o da Alemanha na primeira linha – asseguraram a manutenção dum “status quo” particularmente favorável.

A dúvida, a grande dúvida, é quanto tempo o medo será mais forte que a revolta que inevitavelmente se seguirá à constatação de nova desilusão, de mais um resgate e do próximo “pacote de austeridade”. Será reconfortante ler-se que a cimeira do «G20 apela a menos austeridade na Europa» enquanto se aguarda por políticas que voltem a reanimar as economias europeias, mas enquanto estas continuarem a esfumar-se no dogmatismo germânico deveremos esperar o recender das tensões sociais e políticas nas economias submetidas aos programas de recuperação financeira.

Que esta não é uma hipótese espúria veja-se que no rescaldo da cimeira do México, o presidente russo afirmou-se «mais preocupado com o dólar americano que com o euro», tanto mais que também os americanos terão ainda este ano eleições presidenciais.

Aliás, não foi apenas Putin a colocar questões além da preocupação europeia, pois durante a reunião ficou claro que os «BRIC querem mais poder de voto para aumentarem as contribuições para o FMI», condição para reforçar a capacidade financeira do organismo que tem sido um dos principais pilares do modelo da globalização e que assim arrisca deixar de ser o porta-bandeira dos interesses ocidentais.

Quando parece cada vez mais adquirida a noção que travessamos um período de elevada incerteza, a ponto de até já Durão Barroso classificar a crise em curso como uma crise sistémica (veja-se esta notícia do PUBLICO), a única certeza continua a ser a evidente inoperância e incapacidade dos políticos para enfrentarem uma situação – tão evidente que nem o primeiro-ministro italiano se coíbe de afirmar que «Temos uma semana par salvar a Zona Euro» – que evidencia claros sinais de deterioração «Enquanto a economia alemã arrefece, Itália receia contágio da crise».

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