Por incrível que possa parecer os políticos deste país não conseguem parar de nos surpreender.
Agora foi o futuro administrador do Millennium BCP, ex-administrador da CGD e ex-membro do governo, Armando Vara, que contra os mais elementares princípios éticos solicitou à CGD uma licença sem vencimento, para exercer à vontade aquele novo cargo.
Não contente, como Santos Ferreira, em se preparar para trocar a administração de um banco pela de outro – como se isso fosse perfeitamente natural e uma prática que no próprio sector financeiro não só é permitida como incentivada aos mais variados níveis de responsabilidade – ainda pretende manter os benefícios associados à manutenção do seu vínculo profissional à empresa onde em poucos anos passou da função de caixa à de administrador (entre estas mediou uma passagem pelos governos de Guterres seguida de um estágio como director na CGD).
Que Armando Vara não queira perder a oportunidade de ver aumentados os seus já vastos rendimentos (o vencimento de administrador da CGD é muito superior ao dos restantes trabalhadores daquele banco[1]) e tenha “agarrado” a oportunidade de passar para o BCP é uma opção que apenas a ele respeita, mas que ainda se julgue no direito de garantir um “porto seguro” no caso da transferência falhar é algo que não só ultrapassa toda a ética como prefigura um comportamento de manifesto oportunismo.
Quantos trabalhadores deste país se podem dar ao luxo de trocar de emprego e ainda garantir que em caso de fatalidade poderão regressar ao local de origem?
Ao ler a notícia do PUBLICO, segundo a qual Armando Vara pediu à CGD licença sem vencimento, mas ainda não teve "luz verde" que o CORREIO DA MANHÃ complementa dizendo que a CGD ignora pedido de Vara (como é hábito nestas situações ninguém confirma nem desmente), apetece-me um desabafo: até onde iremos ver descer os políticos nacionais?
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[1] Este fenómeno foi recentemente alvo de um comentário do presidente Cavaco Silva e de notícias na imprensa. Uma na revista VISÃO, que publicou na sua última edição (nº775, de 10 de Janeiro de 2008) um trabalho onde revela as seguintes diferenças entre os custos com administradores e trabalhadores: na CGD 19.963€/3.331€ com administradores e trabalhadores contra 211.071€/3.697€ com administradores e trabalhadores do BCP, que na prática significa uma diferença de 5,99/1 na CGD contra 57,08/ no BCP e outra notícia na SIC que dava nota das desproporcionadas discrepâncias entre os níveis salariais praticados no interior das empresas.
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[1] Este fenómeno foi recentemente alvo de um comentário do presidente Cavaco Silva e de notícias na imprensa. Uma na revista VISÃO, que publicou na sua última edição (nº775, de 10 de Janeiro de 2008) um trabalho onde revela as seguintes diferenças entre os custos com administradores e trabalhadores: na CGD 19.963€/3.331€ com administradores e trabalhadores contra 211.071€/3.697€ com administradores e trabalhadores do BCP, que na prática significa uma diferença de 5,99/1 na CGD contra 57,08/ no BCP e outra notícia na SIC que dava nota das desproporcionadas discrepâncias entre os níveis salariais praticados no interior das empresas.
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