terça-feira, 19 de janeiro de 2016

DAVOS E A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Inicia-se amanhã mais uma cimeira, a 64ª, do Fórum Económico Mundial, que junta na selecta estância suíça de Davos a nata do mundo empresarial e político (os artistas costumam ser convidados só para as fotografias) para debater os assuntos da actualidade.

Ao contrário das muito selectas e secretas reuniões do Clube Bilderberg, o Fórum de Davos costuma anunciar previamente os participantes e os temas em debate, pelo que já se sabe que este ano o grande foco será sobre a chamada Quarta Revolução Industrial. A atestar por um relatório apresentado no início desta semana (The Future of Jobs - Employment, Skills and Workforce Strategy for the Fourth Industrial Revolution) as perspectivas não serão as mais animadoras pois o próprio admite que a «Inovação tecnológica custará mais de 5 milhões de empregos às principais economias».

Este lamentável cenário é apresentado como se de uma “revolução” se tratasse – uma que se segue à Revolução Industrial (ocorrida entre a segunda metade do século XVIII e a primeira metade do século XIX e que se traduziu na mecanização da produção), à Segunda Revolução Industrial (período que medeia entre a segunda metade do século XIX e o final da II Guerra Mundial e que se caracterizou pelos desenvolvimentos nas indústrias química, eléctrica, de petróleo e do aço) e à Terceira Revolução Industrial (que teve início nos anos 60 do século passado e que mais apropriadamente deverá ser designada por Revolução Digital, pois foi despoletada pela generalização da Internet, do uso dos computadores e da difusão de informação que potenciou) – que marca o aparecimento de novos sectores de actividade (inteligência artificial, robótica, biotecnologia e genética) e de novos modelos de negócio e já lançou o alerta que a «Quarta revolução industrial levará à perda de cinco milhões de empregos em cinco anos», hipótese que deveria ser encarada com a maior seriedade e como aviso da maior gravidade. Mas, em simultâneo com este anúncio, a OXFAM (ONG dedicada ao combate à pobreza mundial) publicou as conclusões doutro trabalho denunciando o facto da «Riqueza de 1% da população superou a dos restantes 99% em 2015», ou dito por outras palavras: «62 multimilionários já têm mais riqueza do que metade da população mundial».

Neste quadro, os poderes públicos mundiais (e os ocidentais em especial) pouco ou nada têm feito salvo declarações de intenções, como uma recente onde, qual reinvenção da roda, o presidente francês François «Hollande anuncia «plano de emergência» para reduzir desemprego».


As denúncias dos desequilíbrios e a evidente degradação das perspectivas de trabalho (em especial para os mais jovens) não são de agora; já em 2010 (no auge da crise sistémica que atravessamos) escrevendo sobre o flagelo do desemprego lembrava que «OS JOVENS NÃO SÃO “LEMMINGS”», ou seja produtos descartáveis ao sabor dos interesses das grandes empresas, para mais recentemente, em 2014, abordar a necessidade de repensar o actual «PARADIGMA DO EMPREGO» que ameaça a vida de toda a gente.

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