quinta-feira, 16 de abril de 2015

A UE E A GRÉCIA

Enquanto no plano interno, quando já há quem anteveja que as «Eleições presidenciais de 2016 ameaçam recorde de candidatos em 1986», parece cada vez mais evidente que não é apenas a campanha para as eleições legislativas que está em curso, no plano europeu o centro de atenções continua a ser a situação grega sobre a qual se diz que «Bruxelas admite que não haja acordo com a Grécia até ao fim do mês».


Sendo certo que os sectores afectos ao pensamento ordoliberal insistem na tónica de que o problema grego é fundamentalmente uma questão de natureza orçamental – cuja solução passa pela continuidade, senão pelo aprofundamento, das políticas de austeridade – habituados que estavam à insignificante oposição levantada, talvez estranhem que o novo governo grego ensaie outra solução que não aquela que resultou numa quebra de quase 25% do seu PIB.

Entre reuniões, comunicados e notícias (que não raras vezes pouco mais constituem que verdadeiros ultimatos, como o que ressalta da afirmação produzida pelo porta-voz da CE, o ex-conselheiro económico de Durão Barroso e ex-eurodeputado pelo PPE Margaritis Schinas, de que a «Comissão Europeia “não está satisfeita” com as negociações com Atenas e pede “progressos”» ou das declarações de Wolfgang Schäuble, o ministro das finanças alemão, que embora dizendo que «"Temos responsabilidades para com a Grécia e não vamos desconsiderar essa solidariedade"», de pronto as condicionou à submissão grega ao programa negociado com a “troika) o actual governo grego vai resistindo a repetir as políticas de completa subserviência dos seus antecessores; o tempo escasseia e joga obviamente a favor dos interesses dos credores e dos líderes europeus mais apostados em servi-los que àqueles que os elegeram. A pressão do sector financeiro – seja directamente, por intermédio do BCE ou das agências de notação de risco (de que a recente notícia de que a «Standard & Poor's baixa rating da Grécia» é um claro exemplo) – tem vindo a desgastar a estratégia de resistência do Syriza e faz crescer as hipóteses deste aceder às exigências da UE ou de colapsar e obrigar a nova consulta eleitoral.

Confirmada a evidência do acuamento da posição grega (tanto mais que os anunciados extremistas nunca fizeram qualquer menção ao recurso à “bomba atómica” financeira que seria o “default”, limitando-se a aludir a um possível adiamento dos reembolsos agendados para Maio), persistindo a fragilidade da Zona Euro (especialmente porque a imposição da visão ordoliberal continua a impedir qualquer veleidade de reforma do sistema financeiro do euro) começa a desenhar-se inexoravelmente o cenário da rendição grega, a menos que os processos eleitorais que irão decorrer nos próximos meses por essa Europa tragam para a ribalta política o oxigénio de diferentes ideias e novas abordagens...

Sem comentários: