sábado, 14 de setembro de 2013

TROC… TROC… TRAPALHADAS!



Ouvida a afirmação da ministra das Finanças de que o peso da dívida pública no PIB é menor, não de 131%, como assegura o Banco de Portugal, mas de apenas 118, duas questões deveriam ter sido suscitadas de imediato.


Primeiro; ou os técnicos do Banco de Portugal erraram clamorosamente – e se lembrarmos os reputadíssimos Reinhart e Rogoff (ver o “post” «ACONTECE…», ou nosso bem conhecido Vítor Gaspar, nem sequer seria inédito ou impensável – ou quem está errada é a ministra. Duma forma ou de outra estamos a falar de técnicos especialistas na matéria e dum simples algoritmo de cálculo que passa por dividir o valor da dívida pelo PIB, informação estatística de divulgação comum e normalmente aceite como fiável, pelo que uma diferença de 13 pontos percentuais é impossível de aceitar.



Segundo; se a justificação para a divergência é a adiantada pela ministra, quando afirmou que «A diferença é o dinheiro que temos, que é nosso e que usaremos para fazer face aos nossos compromissos e isso reflectir-se-á no rácio da dívida», então estaremos perante um caso grave de incompetência técnica (que talvez justificasse uma reacção idêntica à que em tempos teve António Borges, concluindo-se que a ministra não passaria no primeiro ano do seu curso de economia) pois o que Maria Luís Albuquerque afirmou é que o saldo não utilizado dos empréstimos não representa um encargo, como se o mesmo não estivesse onerado pelos juros nem sujeito a reembolso (lembram-se o que disseram alguns correlegionários da ministra quando Sócrates alvitrou que a dívida pública não era para se pagar?).



Aqui voltamos ao registo de trapalhada, meias-verdades e mentiras a que os membros do governo de Passos Coelho em geral, e esta senhora em especial, já nos habituaram. Não tardará que, para justificar uma qualquer situação de aumentos de impostos ou de reduções de benefícios sociais, a mesma senhora venha dizer que a responsabilidade é do elevado peso da dívida (os tais 131% que agora dá jeito afirmar categoricamente serem apenas 118%).



É verdade que há muito tempo que as declarações de quem nos governa deveriam ter deixado de merecer espanto, mas não consigo permanecer em silêncio perante tanta manipulação e mentira, especialmente quando aqueles que deveriam ser responsáveis pela difusão da informação, e pela sua apreciação crítica, optam por um silêncio cúmplice.




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