sábado, 26 de janeiro de 2013

DAVOS JÁ NÃO É O QUE ERA...


Cumpridas as formalidades festivas próprias de cada fim-de-ano, rapidamente se lhe segue no calendário da liturgia informativa a reunião anual do Fórum Económico Mundial, popularmente conhecido como o Fórum de Davos (nome da localidade suíça onde anualmente se reúne a elite económica mundial), que depois de nos anos anteriores ter tido as suas reuniões marcadas, segundo a BBC, pela incerteza económica, pelas críticas ao sistema financeiro mundial e pela crise global (que os participantes nunca reconheceram formalmente), eis que este ano a nota dominante parece ser, segundo o NEGÓCIOS, a imagem de que «Davos já não é o que era, mas nunca recebeu tantos chefes de Estado». A evidente politização da iniciativa está bem traduzida nas conclusões que vão chegando ao grande público, onde abundam as divergências de opiniões que de salutares rapidamente evoluem para um diálogo de surdos face à notória incapacidade dos políticos para qualquer iniciativa que possa beliscar o seu futuro eleitoral.

Com as atenções monopolizadas por políticos (pelo menos é o que transparece de notícias como: «Merkel "amacia" austeridade em Davos ou «Cameron diz que empresas devem pagar a quota-parte de impostos») manietados pelas suas limitações – que vão desde o terror atávico ao desapossamento do poder até à notória incompetência –, já nem se estranha quando o «Relatório do Fórum Económico Mundial aponta para défice de competitividade da Europa», como se a sua simples recuperação – para mais nos termos propostos pelos participantes que repetem a aposta na inovação e empreendedorismo, na mobilização de talentos e na melhoria da eficiência dos mercados –, fosse solução milagrosa, tanto mais improvável quanto a ideia da eficiência através da liberalização dos mercados foi a grande responsável pela deslocalização industrial e pela destruição em massa de postos de trabalho, que hoje condicionam o crescimento do mercado interno europeu e a própria sobrevivência de assalariados e pequenos patrões.


É claro que para os governantes e para os grandes patrões o problema não é tanto como irão as populações sobreviver nesta nova realidade, mas principalmente como irão agir por forma a parecer que estão mesmo a fazer algo para mudar uma situação da qual são principais responsáveis e continuam a ser os grandes beneficiados.

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