domingo, 1 de abril de 2012

O REAL PERIGO NUCLEAR


Numa semana que registou a realização duma cimeira internacional sobre segurança nuclear, onde marcaram presença os principais líderes mundiais, é natural que a questão iraniana volte a merecer atenção, não por qualquer novo desenvolvimento, mas principalmente porque o aparente silêncio que actualmente se vive pode vir a revelar-se mais pernicioso que o excesso de ruído.

Excesso que aliás não constitui novidade, pois, como é recordado neste artigo de opinião de Robert Fisk, no THE INDEPENDENT, já em 1992 o actual primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, assegurava a quem o quisesse ouvir que o Irão disporia de armamento nuclear em 1999… Mesmo admitindo a necessidade de diabolizar a sua Némesis (à semelhança do que fizeram americanos e ingleses com Saddam Hussein antes da invasão do Iraque) é preciso deixar claro que quem lança o alerta não é um pequeno estado desmilitarizado, antes um dos que, com o beneplácito dos EUA, dispõe de arsenal nuclear à revelia da AIEA, e que nunca revelou o mínimo rebuço em assumir-se como um poderoso estado colonialista (quando ocupa ilegalmente território palestiniano) ou um como o mais frágil e ameaçado da região.


O risco da proliferação nuclear não é exclusivo da Coreia do Norte ou do Irão e o conceito de armamento “bom” ou “mau”, consoante a simpatia que sentimos pelos detentores deste tipo de armamento, não constitui forma de abordagem do problema. Centrar a atenção no “perigo do outro lado” enquanto esquecemos as nossas próprias fragilidades não constitui a melhor das opções, ainda que essa seja aquela que a generalidade dos dirigentes privilegia.

Ninguém, minimamente informado, negará que é real o perigo de nova escalada bélica no Médio Oriente, mas ao contrário do que normalmente se noticia, a loucura não reside exclusivamente em Teerão, tanto mais que, como lembrou Gideon Levy neste artigo do HA’ARETZ, foi Israel que após 1973 iniciou todas as guerras na região e nenhuma era inevitável…

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