Enquanto continuam a surgir notícias em torno do Irão e do seu programa de desenvolvimento nuclear, que vão desde o anúncio ao início da actividade da central nuclear de Bushehr, aos ecos das reacções israelitas e das preocupações internacionais sobre aquele anúncio, outras há que aparentemente diversas devem ser vistas como directamente ligadas.
Assim, não será de estranhar que ao recente anúncio da retirada das tropas americanas do Iraque, com a consequente disponibilização de homens e equipamento para outros cenários ou hipóteses de conflito, e na sequência do agravamento das sanções económicas decididas pela comunidade internacional (sob o alto patrocínio e o grande impulso dos EUA) o regime iraniano tenha respondido com o anúncio do desenvolvimento de novo armamento convencional, nomeadamente a apresentação de um avião bombardeiro não tripulado e a intenção de produção de lanchas rápidas equipadas para o lançamento de mísseis.
Conhecidos que são há alguns anos os planos do Pentágono para estender a guerra no Médio-Oriente ao Irão e à Síria (quem esqueceu já as inflamadas declarações daqueles responsáveis durante a administração Bush) e a mudança que introduziram nos conceitos e nas normas de uso do seu arsenal nuclear, que na sequência do 11 de Setembro deixou de considerar o recurso a armamento nuclear como resposta retaliadora para o passar a considerar como recurso preventivo, as notícias mais recentes e o tom crescentemente ameaçador dos responsáveis israelitas (tradicionais aliados dos americanos e como estes detentores de um arsenal nuclear) não pode senão aumentar os receios de nova escalada bélica na região.
Enquanto comentadores e analistas ocidentais se desdobram nos esforços de explicar a inevitabilidade do “assalto ao Irão” (descrevendo o inexistente armamento nuclear iraniano como uma ameaça enquanto desvaloriza os evidentes efeitos do uso dos arsenais nucleares americano e israelita)e o regime iraniano parece apostado numa estratégia à maneira de Saddam (ameaçando retaliações e outros malefícios ao Ocidente), corremos cada vez mais o risco de ver concretizada a profecia de Einstein que um dia terá dito que ignorava que tipo de armamento seria utilizado numa III Guerra Mundial, mas tinha a certeza que a IV seria disputada à pedrada.
Humor à parte, cada vez parecemos mais próximo de sermos arrastados para um conflito que longe do efeito pacificador e dissuasor que alguns lhe atribuem pode arrastar os vizinhos Rússia e China (duas outras potência nucleares e ambas membros activos da SCO (Shanghai Cooperation Organization) que é uma aliança militar que além dos seis estados fundadores – China, Kazaquistão, Kyrgistão, Rússia, Tajiquistão, e Uzbequistão – inclui como observadores o Irão e mais duas potências nucleares, a Índia e o Paquistão) para um confronto de contornos e de desfecho militar imprevisível, mas de seguros malefícios para o Planeta e para as suas populações.
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