quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CABRAS-BOMBEIRO

À primeira vista, esta notícia do JORNAL DE NEGÓCIOS em plena “silly season” pareceu-me particularmente adequada à época; porém, uma segunda leitura levou-me a outras e a olhar a ideia de forma mais adequada.


Afinal se uma das principais razões para o flagelo dos fogos florestais é o abandono a que as macrocéfalas políticas de gestão do território conduziram vastas áreas do interior da Península Ibérica, talvez uma iniciativa tão simples como a repovoação de caprinos nas serranias do interior constitua uma medida significativa no combate aos cada vez mais tradicionais incêndios de Verão.

Os governos ibéricos dizem-se dispostos a investir cerca de 50 milhões de euros, nas zonas raianas dos distritos da Guarda, Bragança, Zamora e Salamanca, na aquisição de 150 mil cabeças de gado caprino, na construção de 12 queijarias, uma central de comercialização, 15 lojas e dois matadouros para abate dos animais (um em Portugal e outro em Espanha); estes e outros serviços, deverão originar receitas anuais estimadas em 30 milhões de euros, e cerca de 550 postos de trabalho.

Os promotores do projecto – Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Duero-Douro – esperam atrair algum investimento privado, mas o mais certo é este vir a depender apenas da componente pública o que não deixará de ser irónico pois os foram os poderes públicos os primeiros responsáveis pelas políticas de deslocalização das populações quando concentraram no litoral a maioria dos investimentos nas áreas de apoio às populações, votando o interior e as suas populações envelhecidas ao abandono.

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