domingo, 28 de outubro de 2007

É PRECISO AINDA MAIS…

A semana terminou com a divulgação das conclusões do estudo encomendado pela CIP sobre a localização do NAL[1] em Alcochete e, conforme se previa, não deixam dúvidas quanto às vantagens comparativas com a Ota.

Além dos custos de construção se mostrarem inferiores em mais de 30% - 2 mil milhões de euros contra os 3,1 mil milhões estimados para a Ota -, os custos com outras infraestruturas podem elevar aquele montante aos 3 mil milhões de euros. A localização defendida por este estudo apresentará ainda a vantagem de reduzir os custos com as expropriações, porque os terrenos são já de propriedade pública, e com as obras de terraplanagem e de consolidação, indispensáveis na Ota mas desnecessárias em Alcochete face às características do terreno do Campo de Tiro de Alcochete.

Segundo o estudo, além dos menores custos originados pelas características do Campo de Tiro de Alcochete, outras poupanças serão possíveis caso se opte por uma nova abordagem nas ligações viárias àquela localidade: redesenho das linha do TGV, optando por uma única saída de Lisboa pelo Sul e posterior derivação para o Porto e Madrid, e a opção por uma ligação Lisboa-Montijo em substituição da prevista Lisboa-Barreiro, mais extensa e que não permitirá uma opção em túnel, mais económica que a clássica solução suspensa.

Mas a grande vantagem desta nova opção é inegavelmente o facto da solução Ota, condicionada pelas limitações geográficas não permitir qualquer expansão futura enquanto a opção por Alcochete permitirá que o investimento agora realizado possa ser amortizado num período de tempo mais longo uma vez que a infraestrutura agora construída poderá vir a sofrer as ampliações que o futuro determine.

Se mais razões não houverem, estas já me parecem mais que suficientes para justificar a necessidade de não avançar de forma cega para o investimento na Ota.

Na presença de novos dados, de novas estimativas de custos e de investimento, de novas opções (veja-se o caso das ligações ferroviárias e da travessia do Tejo), quem poderá negar que dispomos hoje de mais e melhor informação para tomar a decisão de onde irá ser implantado o NAL?

Se este pode ser já um bom momento para louvar toda a movimentação em torno da polémica do NAL, é fundamental não esquecer, nem calar, que continuam ainda a faltar dados indispensáveis a um processo de tomada de decisão consciente. Enquanto se aguarda pelo estudo da opção Portela+1, prometido em Agosto passado por José Manuel Viegas, professor do Instituto Superior Técnico, o JORNAL DE NOTÍCIAS veio fazer eco das conclusões de um estudo patrocinado pela Associação Comercial do Porto, que se revela muito favorável aquela solução.

Segundo os autores daquele trabalho (cuja autoria não consegui apurar) a opção pela adaptação do aeródromo do Montijo para receber os voos das “low cost” não é apenas viável, como deve ser encarado como alternativa ainda mais válida agora que o Governo anunciou a intenção de investir 32 milhões de euros na adaptação do aeródromo de Beja para que este funcione como apoio ao Aeroporto de Faro.

Mas além dos estudos que pouco a pouco vão surgindo mantém-se a necessidade de um que aborde as perspectivas futuras do transporte aéreo face aos crescentes custos energéticos e ao crescimento da rede de alta velocidade no espaço da União Europeia e assim demonstre a necessidade ou a inutilidade da construção de uma nova infraestrutura de grande dimensão e elevados custos como a de um novo aeroporto internacional.
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3 comentários:

arco-Irís disse...

Olá, somos a equipa Arco-íris e fazemos parte do projecto "Um Dia Pela Vida" que visa apoiar a Liga Portuguesa Contra o Cancro.

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antonio ganhão disse...

O surrealismo no seu esplendor: a filantropia da CIP em relação ao aeroporto de Lisboa é de fazer chorar as pedras da calçada!

Anónimo disse...

Sou a favor da PORTELA + UM ( O Montijo), pelas razões abaixo:

1.º) Já existe no Montijo uma base aérea, que, com as necessárias adaptações, poderia servir como segundo aeroporto da capital: o aeroporto "low cost" de Lisboa. A referida base aérea poderia ser transferida para a Ota ou Beja, onde existe outra, deixada há alguns anos pelos alemães que possui óptimas condições;

2.º) Lisboa ficaria assim com dois aeroportos civis como muitas outras cidades no mundo e Lisboa poderia beneficiar da aliciante turística de ter dois aeroportos: um dentro da própria cidade e outro não muito longe e servida por um transporte rápido e cómodo: o metropolitano que proponho venha a servir o futuro aeroporto de Lisboa;

3.º) A questão do novo aeroporto deve ter em atenção o que for decidido para o comboio de alta velocidade, o RAVE (ou TGV, como é conhecido pela sigla tirada francês);

4.º) O terminal do TGV poderia ficar junto ao Aeroporto no Montijo. Assim a ligação Lisboa – Madrid poderia fazer-se aproveitando uma maior parte do traçado já existente entre o Barreiro, Caia e Badajoz, poupando-se algum dinheiro em expropriações;

5.º) Em vez de ser o TGV a atravessar o Tejo (a 350 Km/h ?) até à gare do Oriente, seria o metropolitano de Lisboa a chegar à Gare do TGV e ao Aeroporto, que ficariam ambos no Montijo. A travessia poderia fazer-se por uma ponte ou por um túnel adequado ao local e não como está a ser feito no Terreiro do Paço. O facto de Lisboa ser uma zona sísmica não impede que seja adoptada essa solução. Há técnicas adequadas para esses casos, mas não poderá ser usada a do túnel do Terreiro do Paço. Os problemas eram facilmente previsíveis mesmo sem qualquer sismo. É uma zona com subsolo alagado, portanto o túnel teria que ser construído com uma técnica que o impermeabilizasse;

6.º) A travessia rodoviaria prevista para a futura ponte do TGV ficaria muito melhor em Algés, porque permitiria fechar o ANEL: CRIL/Algés-Trafaria/.../A2/IC32/Ponte Vasco da Gama/CRIL.

7.º) A ligação do metro de Lisboa à outra margem permitiria aos passageiros do TGV e do Aeroporto no Montijo e a muitos dos habitantes dessa cidade e do Barreiro a sua distribuição pela capital, aproveitando-se com isso para retirar de Lisboa milhares de automóveis;

8.º) Em alternativa, poderia ser o metro do Sul do Tejo a fazer travessia do Tejo;

9.º) A margem sul é uma zona plana e é, por excelência, o local de expansão da cidade de Lisboa, limitada que está a Norte por uma cadeia de serranias;

10.º) O Montijo permitiria captar passageiros da raia espanhola, que, sendo servido pelo TGV fica a cerca de 200 Km, enquanto que Madrid está a mais de 300 Km, estando o respectivo Aeroporto a 15 Km do outro lado, em Barajas;

11.º) A OTA por ser mais longe de Lisboa é obviamente pior quanto à atracção do turismo para a capital;


No caso de se pretender desactivar o aeroporto da Portela, então Alcochete deverá ser a melhor solução, porque consegue reunir muitas das vantagens acima referidas.

Zé da Burra o Alentejano