quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

ORELHAS MOUCAS...

Pese embora o número crescente de comentários e análises críticas da solução da “austeridade expansionista”, os poderes estabelecidos persistem num perigoso autismo.


Esta atitude, que nada tem de novo pois repete o consagrado modelo do “posso, quero e mando” tão do gosto daqueles que se sentem incapazes de entender a realidade ou de debater alternativas, consagra o tradicional imobilismo das elites possidentes que a pusilanimidade dos dirigentes políticos não belisca.

Esta realidade – elites económicas dependentes de modelos rentistas e dirigentes políticos incompetentes e subservientes àqueles interesses – estende-se, infelizmente, muito além dos limites nacionais. Basta ver o que continua a ocorrer numa UE onde o ineficaz Durão Barroso foi substituído por Jean-Claude Juncker, um fiel colaborador com créditos firmados no mundo dos subterfúgios e da sobrevalorização dos interesses individuais a expensas do interesse geral.

O fracasso do modelo que a dupla Passos Coelho/Paulo Portas impôs a coberto do acordo com a “troika”, está a revelar-se não apenas na deterioração do dia-a-dia dos cidadãos, bem evidente quando se constata que a «Actividade económica volta a cair e consumo desacelera» ou quando é anunciado que o «Ritmo de crescimento da economia abranda no terceiro trimestre», mas principalmente quando se comprova que «Portugal sai da recessão mais devagar do que em 2003 e 2009» e que, contrariamente à prometida redução das despesas públicas, se confirma afinal que as «Gorduras do Estado aumentam mil milhões entre 2007 e 2015».

Quando se constata que ao desempenho medíocre das economias da Zona Euro (o ECONÓMICO anunciava em finais de Novembro que a «Actividade económica na zona euro desliza para mínimos de 16 meses») se associam notícias de que a «Economia japonesa entra em recessão após contracção inesperada no terceiro trimestre» e que a todo-poderosa «Economia chinesa continua a dar sinais de forte desaceleração», tudo se conjuga para a formação de mais um “tempestade perfeita” que deitará por terra as previsões mais optimistas, como aquelas onde se assegura que o «Consumo vai aguentar a economia no próximo ano, prevê o Banco de Portugal».

Claro que perante estes sinais só os mais indefectíveis poderão continuar a fazer orelhas moucas aos avisos e aos apelos para uma mudança de estratégia, que já virá tarde e cujos efeitos demorarão cada vez mais a fazer-se sentir, mas que é imprescindível.

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