Pese embora o
número crescente de comentários e análises críticas da solução da “austeridade
expansionista”, os poderes estabelecidos persistem num perigoso autismo.
Esta atitude,
que nada tem de novo pois repete o consagrado modelo do “posso, quero e mando”
tão do gosto daqueles que se sentem incapazes de entender a realidade ou de
debater alternativas, consagra o tradicional imobilismo das elites possidentes
que a pusilanimidade dos dirigentes políticos não belisca.
Esta realidade
– elites económicas dependentes de modelos rentistas e dirigentes políticos
incompetentes e subservientes àqueles interesses – estende-se, infelizmente,
muito além dos limites nacionais. Basta ver o que continua a ocorrer numa UE
onde o ineficaz Durão Barroso foi substituído por Jean-Claude Juncker, um fiel
colaborador com créditos firmados no mundo dos subterfúgios e da
sobrevalorização dos interesses individuais a expensas do interesse geral.
O fracasso do
modelo que a dupla Passos Coelho/Paulo Portas impôs a coberto do acordo com a “troika”, está a revelar-se não apenas na
deterioração do dia-a-dia dos cidadãos, bem evidente quando se constata que a «Actividade
económica volta a cair e consumo desacelera»
ou quando é anunciado que o «Ritmo
de crescimento da economia abranda no terceiro trimestre», mas
principalmente quando se comprova que «Portugal
sai da recessão mais devagar do que em 2003 e 2009» e que, contrariamente à
prometida redução das despesas públicas, se confirma afinal que as «Gorduras
do Estado aumentam mil milhões entre 2007 e 2015».
Quando se
constata que ao desempenho medíocre das economias da Zona Euro (o ECONÓMICO anunciava em finais de Novembro
que a «Actividade
económica na zona euro desliza para mínimos de 16 meses») se associam
notícias de que a «Economia
japonesa entra em recessão após contracção inesperada no terceiro trimestre»
e que a todo-poderosa «Economia
chinesa continua a dar sinais de forte desaceleração», tudo se conjuga para
a formação de mais um “tempestade perfeita” que deitará por terra as previsões
mais optimistas, como aquelas onde se assegura que o «Consumo
vai aguentar a economia no próximo ano, prevê o Banco de Portugal».
Claro que
perante estes sinais só os mais indefectíveis poderão continuar a fazer orelhas
moucas aos avisos e aos apelos para uma mudança de estratégia, que já virá
tarde e cujos efeitos demorarão cada vez mais a fazer-se sentir, mas que é
imprescindível.
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