sábado, 13 de abril de 2013

SCHÄUBLE, GASPAR & Cª


No âmago da agitação política interna acicatada pela desproporcionada reacção do primeiro-ministro ao chumbo pelo Tribunal Constitucional dalgumas pontos do OE para 2013, surgiu ainda a voz do ministro alemão das finanças, Wolfgang Schäuble, avisando que «Portugal tem de tomar mais medidas depois do veto do TC», numa clara manobra intervencionista e intimidatória.


As posições neoliberais de Schäuble são há muito conhecidas e constituem motivo de referência sobretudo pelo marcado carácter de soberba que raia o chauvinismo. Isso mesmo deixou particularmente claro o presidente do Conselho Económico e Social na «Carta aberta ao ministro das Finanças alemão» que publicou no PUBLICO em finais do mês passado, onde «Silva Peneda acusa ministro alemão de querer despertar “fantasmas de guerra” na Europa» e que eu complemento afirmando que a jactância do ministro servirá já para exorcizar fantasmas internos e para esconder os problemas que a Alemanha já sente e que o NEGÓCIOS já noticiou dizendo que a «Recessão da Zona Euro penaliza exportações alemãs».

Desde a primeira hora que a estratégia alemã para combater a crise da Zona Euro tem ziguezagueado entre a mais abjecta sobranceria e a não menos absurda navegação à vista, sem esquecer a insidiosa chantagem. Exemplo recente disso mesmo é a notícia de que «Berlim alerta que confiança adquirida por Portugal “tem que ser cuidadosamente preservada”», numa linguagem hiperbólica relativamente àquela onde «Pedro Passos Coelho garante que o chumbo do Tribunal Constitucional fragilizou Portugal» na renegociação das condições da dívida com a “troika”.

Mas as fragilidades das teses neoliberais mais acerbadas não param de se revelar e assim, eis que poucos dias após mais esta descarada chantagem sobre os portugueses surge a notícia que afinal o «Eurogrupo vai dar mais 7 anos a Portugal e Irlanda». Nada que não fosse de esperar face à crescente evidência da impossibilidade de liquidação das dívidas (para já das dos países resgatados do Sul da Europa) e que nem o anunciado condicionalismo a um resultado positivo da próxima avaliação da “troika” (como se fosse possível resultado diferente num processo de autoavaliação) altera.

Mas a notícia mais espantosa foi a publicada pelo FINANCIAL TIMES que revela as conclusões dum estudo do FMI segundo o qual a «Dívida de Portugal é detida sobretudo por especuladores», deitando por terra todos os beatíficos discursos de Schäuble, Gaspar & Cª em torno da necessidade de honrar os compromissos.

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