quarta-feira, 24 de abril de 2013

ATRÁS DOS TEMPOS VÊM TEMPOS


Os tempos poderão não andar de feição para grandes comemorações e os espíritos pouco dispostos a grandes festas, mas tudo isso são afinal razões de sobra para celebrarmos o espírito do 25 de Abril e não apenas na data de calendário mas todos os dias.

Aliás, lembrar os tempos em que um Povo saiu à rua para exigir uma Liberdade que por direito sempre lhe pertenceu, será talvez a melhor panaceia aos que insistem em mergulhar-nos numa nebulosa crise para a qual a esmagadora maioria dos portugueses pouco ou nada contribuiu, mas em que insistem sejamos nós a pagar a factura.

Há talvez muito tempo que não faz tanto sentido lembrar (e aplicar) uma das palavras de ordem mais gritada em 74; agora como então «O POVO UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO» e a prova disso (e do crescente terror que os fautores das políticas neoliberais dele sentem) é que a imprensa nacional já deixa entrever alguns desses temores quando dá voz a um circunspecto banqueiro que assegura que «A austeridade é violenta e está a chegar ao limite» (embora Ricardo Salgado o tenha feito no contexto do reajustamento orçamental, a mensagem subliminar está lá bem presente), ao presidente do Conselho Económico e Social quando diz que «receia que medidas do Governo deixem economia “esfrangalhada”» ou replica a afirmação do presidente da Comissão Europeia «Durão Barroso admite que “austeridade atingiu o seus limites”». Basta recordar algumas das notícias e dos comentários que prontamente se sucederam às grandes manifestações populares que tiveram lugar nos últimos meses para compreender que em boa medida a solução para este nosso mal viver começará a ser construída a partir do momento que os cidadãos transformem as ruas do País nos caudais do seu descontentamento.


Atrás de tempos vêm tempos e quando quase tudo parece perdido resta fazer sair à rua a dignidade dum Povo contra a indignidade duma minoria que age declaradamente contra os interesses da maioria, tanto mais que, como diz o poeta (Fausto Bordalo Dias), “quem canta sempre se levanta / calados é que podemos cair”.

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