sábado, 20 de abril de 2013

ACONTECE…


O já tantas vezes referido desacerto entre a teoria e a realidade verificado nas projecções macroeconómicas efectuadas pelos “técnicos” que têm determinado o duro viver de milhões de europeus, voltou a ser notícia esta semana quando o NEGÓCIOS divulgou que «Académicos terão descoberto erro na fórmula de um estudo que sustenta políticas de austeridade».

Depois dos reconhecidos “erros” cometidos pelo FMI (ver o “post” «OFICIAIS E POPULARES»), foi agora divulgado que o famoso estudo de 2010, assinado por dois economistas norte-americanos (Kenneth Rogoff e Carmen Reinhart) e publicado pelo National Bureau of Economic Research sob o título de «Growth in a Time of Debt», terá reduzido o universo dos dados observados, sem outra explicação que um elementar erro de manuseio duma folha de cálculo, e recorrido a métodos de cálculo pouco convencionais no processo que conduziu à conclusão da existência duma forte correlação entre elevadas dívidas públicas e reduzido crescimento económico.

A conclusão de que o elevado endividamento público está na origem do fraco crescimento económico tem servido de argumento aos defensores das políticas de austeridade que grassam por essa Europa fora, pese embora outros investigadores terem questionado desde a primeira hora a validade da asserção, interrogando-se se não seria o fraco desempenho das economias a condicionar o aumento do endividamento.

Duma forma, ou da outra, a verdadeira importância do novo estudo (da autoria de três economistas da Universidade de Massachusetts, Thomas Herndon, Michael Ash e Robert Pollin) não resulta apenas da refutação das conclusões iniciais de Rogoff e Reinhart, mas principalmente por revelar o recurso abusivo a conclusões politicamente “agradáveis”.
Acontece que depois de publicada a contestação e da fraca réplica de Reinhart e Rogoff (pouco mais fizeram que reafirmar dogmaticamente a validade da conclusão inicial) todas as dúvidas ganham novo peso.
Inegável é que agora que o mundo académico assiste a mais um duelo Harvard-Massachusetts, enquanto o mundo real (aquele onde se debatem pessoas reais) soçobra mergulhado num problema que talvez não exista…


…mas esperem lá, quantos não andamos há anos a dizê-lo?

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