quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

TEMPOS ESTRANHOS


Ao invés do que o título possa sugerir não vou voltar a abordar a situação político-económica que a Europa e o Mundo atravessam; proponho-vos antes uma breve reflexão sobre alguns acontecimentos e outras leituras recentes.

No plano internacional, ao que dizem os comentadores e outros grandes entendidos na matéria, há quase seiscentos anos que a Humanidade não assistia à resignação dum Papa; mas isso aconteceu na semana passada, na mesma semana em que o primeiro-ministro foi mimado no Parlamento ao som da Grândola Vila Morena…


…quase em simultâneo com a passagem do asteróide 21012DA14 e a queda na Rússia dum «Meteorito provoca prejuízos de milhões de euros» e mais de um milhar de feridos; com o fenómeno dos protestos a repetir-se em ocasiões posteriores, nomeadamente na última sessão do Clube dos Pensadores com «Relvas interrompido por “Grândola Vial Morena”» ou ontem quando «Estudantes obrigam Relvas a abandonar conferência» para assinalar o vigésimo aniversário da TVI que decorria no ISCTE.

Ao que dizem os comentadores e outros grandes entendidos na matéria, há quase seiscentos anos que a Humanidade não assistia à resignação dum Papa; ao que parece o mundo católico não ruiu, mesmo quando alguns menos recatados (ou mais ávidos de agitação) vão lembrando que poucas horas depois do anúncio caiu um raio sobre a cúpula da Basílica do Vaticano (como se houvesse aqui alguma semelhança com os intrépidos bárbaros gauleses, imortalizados por René Goscinny, que a única coisa que receavam era que o céu lhes caísse na cabeça), o que sucedeu é que o assunto rapidamente se transformou em mote para os mais variados comentários.

Entre estes destaque-se a crónica de Ricardo Araújo Pereira na edição 1041 da VISÃO, «Precisa-se pregador», onde retomando o agora muito actual e católico acto da resignação recomenda ao ministro das finanças que siga tão elevado exemplo e que em caso de recalcitração ou excessivo apego à sua fé nos “mercados” lhe seja enviado um pregador, convincente conversor de almas, escolha que no caso vertente o autor recomenda deveria recair em personalidade católica, douta e versada em questões económicas, como João César das Neves.

Entendendo perfeitamente o peso e a substância da proposta de Ricardo Araújo Pereira e até eu que estou longe, muito longe, de me contabilizar entre os fiéis seguidores de César das Neves, reconheço as imensas qualidades da figura; o problema é que não sei se o apego deste aos “mercados” não será igual ou maior que o seu afã católico, qualidade que, podendo prejudicar o seu proselitismo, o deveria levar a recusar a incumbência… mas todos sabemos bem como a ética anda arredia dos que calcorreiam os corredores do poder e seus arredores!

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