quinta-feira, 16 de agosto de 2018

DINHEIRO FÁCIL



A boa notícia sobre o comportamento da economia nacional reforçada pela ideia de alguma recuperação face aos restantes países europeus, deve ser encarada com as devidas cautelas que a recente informação de que os «Novos créditos ao consumo automóvel e pessoal crescem 20% e atingem 547 milhões de euros» mais que aconselha.


Não porque, como irão prontamente relembrar os indefectíveis da “austeridade expansionista”, estejamos a gastar acima das nossas possibilidades, mas porque o sistema bancário nacional continua a dar provas de nada ter aprendido do que está a acontecer desde 2008.

A ânsia do ganho a qualquer preço e a passividade do regulador (Banco de Portugal) continuam a favorecer um processo de desregrado endividamento e para fins nada consentâneos com um processo de saudável crescimento de qualquer economia. Aumentar lucros mediante a expansão do crédito ao consumo poderá ser uma solução atractiva para as administrações e direcções dos bancos, de fácil execução perante o sistema de reserva fraccionária (modelo que permite fazer empréstimos em valor muito superior ao dos depósitos, desde que se mantenha como reserva uma pequena fracção do montante desses depósitos, que descrevi em maior pormenor no post «TENHAM FÉ... MAS PREPAREM-SE PARA O PIOR») que é, há demasiado tempo, a principal forma de criação de moeda nas economias ocidentais. 

A ilusão do dinheiro fácil, propagandeada pelo sector financeiro, acaba sempre por recair sobre os incautos devedores ou dispusessem aqueles da superior protecção da exclusividade da sua função (criar moeda a cada novo empréstimo) e da beneplácita colaboração da entidade (Banco de Portugal) que é suposto regular a sua actividade, mas que na realidade quase se limita a sancionar um sistema reputadamente perverso e que em pouco ou nada contribui para o interesse geral.

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