quarta-feira, 16 de maio de 2018

ISRAEL 70 ANOS


Assinalando o 70º aniversário da criação do Estado de Israel foram inauguradas as instalações da nova embaixada dos EUA em Jerusalém, mudança decidida por essa luminária da política internacional que dá pelo nome de Donald Trump e à revelia duma comunidade internacional que continua a recusar a aceitação da ocupação ilegal daquela cidade e da sua conversão em capital indivisível do Estado de Israel.


Em simultâneo com este evento mediático, desde finais de Março que ocorrem manifestações diárias na fonteira da Faixa de Gaza em protesto contra a ocupação israelita e pelo direito de regresso dos milhares de palestinianos expulsos dos territórios ocupados. Contrariando o previsto no Plano de Partilha da Palestina proposto pela ONU em 1947, sucessivos governos israelitas transmutaram o povo judaico de vítima em algoz e têm vindo a apoiar a regular instalação de colonatos judaicos em territórios fora daquele plano, além da implementação de pretensas políticas securitárias, através da construção de muros e de postos de controlo militares que outra coisa não são que uma forma de inviabilizar o funcionamento da já de si incipente economia palestiniana e de infernizar a sua vida diária.

Para assinalar a data, que os palestinianos conhecem como Al-Nakba (a catástrofe), foi este ano decidido promover manifestações diárias na fronteira da Faixa de Gaza; assim, nas últimas semanas têm ocorrido regulares confrontos entre as forças militares israelitas e os manifestantes palestinanos, mas a dimensão e desproporcionalidade da reacção israelita já levou à morte de mais de uma centena de palestinianos desde o início do mês; só no dia do aniversário (14 de Maio) foram mortos cerca de 60 palestinianos e mais de 2.000 feridos no que facilmente se entende como uma absurda desproporção de violência, que já levou a própria ONU a pedir a Israel que cesse o uso desproporcionado da força contra os palestinianos.

Claro que a actual conjuntura num Médio Oriente minado pela questão palestiniana que se arrasta há 70 anos, dilacerado pela guerra civil síria e ainda não recuperado da destruição do Iraque, onde se confrontam três candidatos à liderança regional (Arábia Saudita, Irão e Turquia) e as potências internacionais (EUA, China, Rússia e UE) assumem um papel irrelevante ou abertamente favorável a um dos lados em confronto, em nada favorece outra perspectiva de solução que não a manutenção dum regime de apartheid, imposto por Tel-Aviv e tacitamente aceite por todos, salvo os palestinianos que se recusam a morrer em silêncio.

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