Qualquer pessoa minimamente
informada não podia deixar de ter ficado preocupada quando esta semana leu que,
em intervenções no Parlamento Europeu, «Merkele Hollande pedem mais Europa», tanto mais que houve até quem levasse a
situação a um outro nível ao dizer que «Hollande
e Merkel apelam à união para evitar "o fim da Europa"»!
A história
recente e a urgência do apelo suscitaria a ideia duma agudização da denominada
crise das dívidas soberanas, que quase levou a UE à implosão, mas uma leitura
doutras fontes de informação terá prontamente tranquilizado os mais
preocupados; afinal «Hollande
e Merkel pedem mais Europa para lidar com a crise dos refugiados»…
Qual Grécia ou
PIIGS! Como bem sabemos pela forma pouco solidária e particularmente
autoritária como esta situação tem sido tratada, o que realmente assusta os
líderes europeus e pode até evoluir para a implosão duma UE que se tem
destacado pelo cuidado e a qualidade com que “acarinha” os cidadãos dos seus
estados economicamente mais frágeis é a avalanche de imigrantes (menos de 500
mil por ano, que não chegam a representar 0,1% duma população europeia
envelhecida e em decréscimo) que estão a chegar às suas fronteiras. A situação
é tão dramaticamente preocupante para os líderes europeus que estes já falam na
necessidade da revisão de regras obsoletas (como exemplo foi apontado o acordo
europeu que regulamenta os pedidos de asilo – Convenção de Dublin –e que deverá
ser tão obsoleta quanto as regras orçamentais que continuam a querer impor aos
PIIGS) que nem sequer condenaram a violação grosseira do direito internacional
quando num dos seus estados-membros a «Polícia
usa gás lacrimogéneo e canhões de água para afastar refugiados na Hungria»,
enquanto se anuncia que a «UE
paga a Erdogan para tentar travar os “milhões de refugiados” da Síria».
Diga-se em
abono da verdade que se a Chanceler alemã privilegiou a questão da
obsolescência das regras, o Presidente francês abordou a questão da
instabilidade no Médio Oriente (Síria e Iraque) e no Norte de África (Líbia) e
o papel que neles tem tido uma UE sem política de defesa comum. No fundo, e sem
nunca o referirem especificamente, estariam a referir-se à questão dos “valores
europeus”, mas porque nesta matéria (como no agudizar das crises que levaram ao
aumento da instabilidade nas regiões fronteiras à UE) têm enormes
responsabilidades ficaram pelo superficial deixando milhões de cidadãos
europeus, magrebinos e árabes dependentes da hipocrisia reinante nos areópagos
mundiais e entregues à sua sorte.
Sem comentários:
Enviar um comentário