terça-feira, 2 de setembro de 2014

A ÉTICA NO DIA-A-DIA

A notícia de que um «Ex-secretário de Estado do MAI é sócio do escritório que defendeu a empresa que ganhou concurso dos fogos» não deveria constituir novidade, tal é o estado a que chegaram os padrões de ética a que nos habituaram os nossos governantes; de tão corriqueira nem mereceria especial atenção não fosse a notícia incluir explicações do próprio que de tão canhestras acabam por o prejudicar, mais que ilibá-lo.


A polémica surge na sequência dum concurso para a adjudicação de meios aéreos para o combate de fogos florestais, envolve uma empresa nacional que venceu o concurso depois de ter visto alterados os pressupostos que contestou em tribunal e o escritório de advocacia que assessorou a empresa e de que o ex-membro do governo é agora sócio.

Pese embora a notícia nunca refira qualquer dúvida sobre a isenção do concurso (antes refere o facto do MAI não ter seguido o parecer doutro gabinete de advocacia e não ter contestado a decisão desfavorável do tribunal), na explicação disponibilizada por Lobo D’Ávila (o ex-secretário de estado em questão) o argumento fundamental radica no facto deste afirmar que “Não tomei qualquer decisão no âmbito dos concursos”, como se o facto de ser o ministro da pasta a assinar o documento o excluísse de qualquer intervenção ou o eximisse de toda e qualquer responsabilidade.

A resposta longe de convencer, transmite antes a imagem de quem se sente comprometido e julga, como é próprio de quem se move num mundo de interesses fluidos e que não atribui a importância devida a princípios éticos, que qualquer desculpa servirá.

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