domingo, 16 de dezembro de 2012

ABSURDOS EUROPEUS


No mesmo dia e no mesmo jornal onde li a notícia que comentei no “post” «O GRANDE SALTO», encontrei outra (a notícia pode ser lida aqui) igualmente merecedora de atenção: um deputado francês pretende fazer aprovar uma lei que retire a nacionalidade francesa a quem ostensivamente mude o seu domicílio por razões fiscais.

A iniciativa surge em reacção à expatriação do conhecido actor francês Gérard Depardieu (que o PUBLICO também já noticiou dizendo que «Depardieu quer deixar França por causa dos impostos»), que trocou a sua “amada” França pela vizinha (e fiscalmente menos exigente) Bélgica. Nada disto pode constituir novidade, nem em França nem em qualquer outro país da UE (ou do Mundo), nem seria merecedor de grande relevo, não fosse uma vez mais a evidente desproporcionalidade da proposta de solução para o problema.


Na essência perante a opção dum cidadão por fixar residência noutro estado da UE (acto legal e impossível de condenar à luz da liberdade de movimento dos cidadãos no interior do espaço Schengen) em reacção ao diferencial da imposição fiscal entre estados, giza-se uma solução – para o deputado francês do PS e para tantos outros exímios legisladores que pululam pelos diversos parlamentos europeus – que passa por castigar o cidadão em lugar de procurar eliminar a origem da motivação: o diferencial fiscal.

Numa UE que se pretende equilibrada e onde os seus responsáveis tanto falam na necessidade de políticas promotoras de convergência (entre nós é recorrente ouvir-se falar na necessidade de revisão e adaptação de quadros legais tendo em vista conformá-los à legislação comunitária) estranha-se que até esta data nada de concreto tenha sido ensaiado no capítulo da harmonização fiscal, permitindo-se assim que alguns estados-membros continuem a beneficiar de injustificadas vantagens comparativas.

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