terça-feira, 17 de novembro de 2015

PARIS (E A UE) CONTINUAM A ARDER

É claro que mais que o atentado no Líbano, que se saldou em «Dezenas de mortos e cerca de 200 feridos em duplo atentado em Beirute», foi o perpetrado em Paris que trouxe para a primeira linha dos discursos políticos a questão do combate ao terrorismo.


Comentou-se a dimensão da carnificina, quando ao final de poucas horas se fazia um balanço dizendo que «Atentados fizeram 129 mortos e centenas de feridos», os motivos e a forma de actuação, ficando geralmente esquecida a referência à evidente dificuldade de ligação entre os serviços de informação dos diferentes estados-membros da UE (algo que nem se estranha quando vemos tudo o resto que não funciona), especialmente depois de conhecido que o planeamento da operação e a origem dos terroristas foi a vizinha Bélgica.

Numa UE que nunca quis abordar a problemática da união política ou da união militar e onde nem sequer a moeda única consegue funcionar sem sobressaltos seria de esperar algo de diferente?
E o discurso do presidente francês, anunciando a retaliação sobre o Daesh, conhecerá algum efeito, além da subida do número de vítimas colaterais? e o rápido anúncio de que «Hollande quer unir Rússia e EUA para derrotar jihadistas» terá algum efeito prático?

Com ou sem crise económica nunca a UE se apresentou com a firme intenção de constituir mais que uma zona de comércio livre; a indispensável afirmação geoestratégica do maior mercado mundial tem sido encarada por políticos (antigos e actuais) sem visão nem convicções, ao sabor do momento e das conveniências dos “mercados”.

Os anteriores atentados em Madrid e Londres pouco alteraram esta situação e agora, depois de Paris anuncia-se a suspensão do acordo de livre circulação e a intensificação dos bombardeamentos sobre os territórios controlados pelo Daesh, mas nada que represente a menor alteração sobre a forma como a Europa tem encarado fenómeno da radicalização islamita, sobre o fracasso das políticas de assimilação social (a generalidade dos extremistas são cidadãos europeus) ou até sobre a influência da crise de valores que atravessamos. Faltam empregos e perspectivas de vida para os jovens enquanto abundam os “negócios”, falta solidariedade entre os estados e os cidadãos mas nunca os meios financeiros para acorrer aos bancos e aos banqueiros.

Em resumo faltam líderes políticos enquanto abundam os “gestores de negócios”… e assim não iremos longe, como escreveu Pedro Tadeu, hoje no DN: «Vamos para a guerra mas não vamos ganhar», do mesmo modo que não estamos a ganhar a “guerra” do crescimento nem a do bem-estar.

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